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Opinião

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Kenneth Maxwell

O Fico

A presidente Dilma Rousseff tinha um dilema: ir ou não ir a Washington para uma visita de Estado, em outubro. Assim como d. Pedro 1º, ela decidiu ficar no Brasil, e estava certa ao fazê-lo.

O problema para ela é a promíscua vigilância de suas comunicações pela Agência Nacional de Segurança (NSA), dos Estados Unidos.

Não é suficiente que os Estados Unidos aleguem que todo o mundo faz a mesma coisa e que a ameaça do terrorismo internacional justifica esse tipo de vigilância. Isso não é fato. Especialmente quando a vigilância envolve não apenas as comunicações entre a presidente Dilma Rousseff e seus assessores e ministros mas também outras instituições brasileiras, especialmente a Petrobras, cujos ativos de petróleo "offshore" são vistos como importantes do ponto de vista comercial e geopolítico.

O Brasil, afinal, não é o "inimigo". É inconcebível que o governo dos Estados Unidos tenha descoberto qualquer complô terrorista por meio de seu acesso às comunicações de Dilma Rousseff, ou ao saber o que a Petrobras anda fazendo.

Mas fazer de Dilma seu alvo pressupõe que ela seja, e que a Petrobras também seja, uma potencial ameaça. E, para os brasileiros com propensão a ver conspirações contra seus interesses nacionais, especialmente emanadas dos Estados Unidos, é uma fórmula para o desastre que episódios como esse sejam revelados, como foram e serão, inevitavelmente.

O dilema de Dilma foi agravado pelo fato de que as provas de espionagem foram reveladas por Edward Snowden via Glenn Greenwald, que vive no Rio de Janeiro e trabalha como colunista do jornal britânico "The Guardian", mas, no Brasil, também colabora com a TV Globo.

Os britânicos, sempre ansiosos por agradar os Estados Unidos, apreenderam documentos que estavam em poder de David Miranda, o brasileiros com quem Greenwald namora, quando este fez uma escala no aeroporto londrino de Heathrow. Greenwald é, claramente, um mestre na escolha do momento oportuno para revelar informações, e está zangado com o tratamento dado a Miranda.

Podemos estar certos de que ele tem muito mais a revelar, em momento apropriado ou, para Washington e Brasília, inapropriado. A visita de Estado da presidente Dilma Rousseff ao presidente Barack Obama oferecia um alvo de oportunidade óbvio, e irresistível.

Uma coisa é certa: a perda é muito maior para os EUA, que somente podem culpar a si mesmos.


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