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Opinião

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O primeiro passo

Depois de meses de suspense e nervosismo, a decisão do banco central dos EUA (Fed) de começar a reduzir o volume de dinheiro injetado na praça foi recebida com alívio por investidores.

São basicamente duas as razões para isso. Primeiro, o corte, de US$ 85 bilhões mensais para US$ 75 bilhões mensais, foi considerado bastante moderado.

Em segundo lugar, o Fed reforçou o compromisso com juros baixos, hoje próximos de zero, por um período ainda longo --pelo menos enquanto o desemprego, hoje em 7%, não estiver abaixo de 6,5%.

Sem esse duplo cuidado, seria inevitável um súbito refluxo de dólares para os Estados Unidos, do que resultaria forte desvalorização de moedas emergentes.

Além dos sinais tranquilizadores, há uma novidade importante. Com a decisão de começar a retirar os estímulos monetários utilizados como arma contra a crise financeira de 2008, o Fed deixa claro que confia na solidez da retomada da economia americana.

Em outras palavras, após anos de retração de gastos públicos e incertezas que têm limitado a expansão do PIB dos EUA, o cenário parece ser diferente para 2014. A demanda privada (consumo e investimentos), por exemplo, já avança a taxas próximas a 3,5% --e não é descabido que a economia como um todo, hoje crescendo 2%, atinja esse desempenho.

Se isso ocorrer, a situação será bem mais complexa. Por ora, o Fed tem convencido os mercados de que pecará pela demora, e não pela pressa, na revisão dos juros.

No entanto, com um crescimento mais sólido da economia e inflação mais alta (a taxa atual é de 1,2% em 12 meses), o compromisso com ajustes graduais restará enfraquecido --o Fed, afinal, precisará subir os juros para manter os preços sob controle.

Por enquanto, o banco central americano apenas deu o primeiro passo de uma caminhada longa e de consequências duradouras para a economia mundial. Felizmente, conseguiu sair do imobilismo sem provocar grandes abalos.

Para empregar uma imagem utilizada pela presidente Dilma Rousseff, a verdade é que os EUA mal espirraram. Em vez de se declarar saudável e livre de contrair pneumonia, o governo brasileiro deveria reforçar as defesas de seu organismo --a começar pela fragilidade das contas públicas.


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