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Paula Cesarino Costa

A proporção da coisas

RIO DE JANEIRO - "É de verdade?", pergunta o jovem estudante à professora que lhe chamara a atenção para as veias da perna do velho deitado sob um guarda-sol.

"Quanto sentimento!", comenta a moça com seu marido, ao apontar o detalhe da mão do mesmo homem, apertando o braço da mulher.

"Magnífica", resume outro visitante sobre a gigantesca escultura "Casal na praia", uma das nove -e talvez a mais impressionante- feitas pelo australiano Ron Mueck e expostas no Museu de Arte Moderna do Rio até 1º de junho.

A exposição -que não irá para outra cidade brasileira e foi recorde de público da Fundação Cartier em Paris, com mais de 300 mil visitantes- tem provocado uma romaria diária.

As estátuas hiper-realistas, perfeitas como fotografia em 3D, reproduzem, em tamanho muito maior ou menor do que o real, personagens ou cenas do cotidiano: além do casal de idosos na praia, há o jovem de cueca, com o ferimento à mostra; a mulher que carrega compras; outra com um feixe de galhos; o galo morto; a imensa máscara de um rosto de homem.

Assim como na exposição da japonesa Yayoi Kusama, a artista obcecada por bolinhas, os visitantes sacam seus celulares e posam em frente às obras. Comportamento típico de um tempo em que o olhar parece valer mais se mediado pelo eletrônico.

O fenômeno não é carioca nem exclusivo dessas mostras. No Louvre, em Paris, é quase impossível ver a "Monalisa", de Leonardo da Vinci, tal a quantidade de pessoas, de costas para o quadro, tirando fotos.

Para um museu que passa os dias de semana com salas vazias, uma mostra como a de Mueck, abre novas possibilidades de público, que descobre outras artes ao se espalhar pela incrível coleção do belga Sylvio Perlstein e pelo rico acervo de Gilberto Chateaubriand, que o MAM abriga.

O pessoal pode curtir mais se usar menos o celular e abrir mais os olhos.


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