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Opinião

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Marina Silva

Tomando ciência

Na próxima semana estarei em Fortaleza, na 3ª Conferência Internacional sobre Adaptação Climática, que reúne cientistas e organizações usuárias de informações sobre mudanças climáticas.

Este ano, além dos cenários mostrados nas pesquisas recentes, o encontro vai explorar abordagens práticas e estratégias para tomada de decisões. A capacidade de tomar decisões é cada vez mais exigida num mundo de urgências e emergências.

No Brasil, os exemplos são claros. São Paulo está no limite do abastecimento de água e energia, Rondônia e Acre com grandes prejuízos causados pelas enchentes. Tais situações, como outras vividas nas várias regiões do país, ano após ano, denunciam nosso atraso estratégico.

Quem acompanha as negociações internacionais sabe que todos os governos se atrasaram. O último grande fiasco foi aqui mesmo, na Rio+20, que apenas adiou as decisões urgentes para deter o aquecimento global.

Mas a crise se agravou a olhos vistos e novas pesquisas mostram isso em detalhes. Ainda ontem foi anunciado que passamos todo o mês de abril acima do limite simbólico de 400 ppm (partes por milhão) de gases do efeito estufa na atmosfera. O sinal amarelo está ficando vermelho.

Estados Unidos e Europa já reconhecem o impacto das mudanças climáticas sobre suas economias. A China iniciou um gigantesco programa de plantio de árvores e a mudança de sua matriz energética.

Também no Brasil precisamos encarar a realidade.

É triste ver desastres repetidos por falta de políticas de adaptação e mitigação. Há poucos dias, a Fapesp divulgou o alerta do pesquisador José Galizia Tundisi: o desmatamento nas margens dos rios, além de reduzir os recursos hídricos, afeta a qualidade da água e torna 100 vezes mais caro seu tratamento.

Isso contradiz a falsa idéia de que o meio ambiente é entrave ao desenvolvimento. Ocorre exatamente o contrário: os prejuízos e atrasos se devem ao descuido com a sustentabilidade ambiental.

Mas permanece a generosa contribuição dos cientistas, ambientalistas, ativistas sociais, povos, comunidades e empresas com responsabilidade socioambiental. Há projetos e ações em todos os setores: energia, transporte, habitação, tecnologia, tudo o que pode resultar em políticas públicas, em decisão de Estado.

Gostaria de encontrar, com os cientistas em Fortaleza, políticos de todos os partidos, governantes do país, dos estados e municípios. Digo sempre: a sustentabilidade não é bandeira de um partido ou governo, é necessidade de sobrevivência que resulta num imperativo ético, um valor universal.

A ciência procura a política para um compromisso visando o futuro.


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