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Troca de gentilezas
Primeiras declarações de Haddad, Kassab e Alckmin são amistosas e positivas, mas podem não resistir a interesses da política real
Em suas primeiras manifestações após a disputa eleitoral, o prefeito eleito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), adotou tom conciliatório e republicano. Previu "bom entendimento" com o atual mandatário, Gilberto Kassab (PSD), e declarou a intenção de atuar em parceria com o governador Geraldo Alckmin (PSDB).
A coreografia amistosa foi correspondida. Kassab anunciou "apoio incondicional" a Haddad, que em sua opinião tem "boa formação, é inteligente, é sério, é íntegro". Alckmin disse que deseja manter a "sinergia" entre Estado e prefeitura, em favor da população.
A troca de gentilezas esfria a animosidade da campanha e serve como uma espécie de pausa para o reinício do jogo político de que participam os três personagens.
Para bem entendê-lo, é preciso levar em conta outra peça decisiva -a presidente Dilma Rousseff, naturalmente a primeira a receber a visita do petista Haddad.
Com efeito, Kassab, apesar da má avaliação de sua gestão e da derrota do candidato que apoiou, saiu-se bem das urnas como presidente nacional do PSD. Seu partido, recém-fundado, conquistou cerca de 500 prefeituras e está sequioso por fortalecer a base parlamentar do governo federal.
Convidado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a apoiar Haddad -o que teria feito, não fosse a definição da candidatura José Serra-, o atual prefeito é cotado para assumir um ministério ou indicar um nome de sua sigla.
Nesse contexto se inscreve a promessa de uma transição de poder pacífica na cidade, sem conflitos e também sem revelações inconvenientes de eventuais irregularidades. Haddad, em contrapartida, terá o apoio do PSD na Câmara.
O eleito tampouco desconhece que parte considerável dos paulistanos (44%) votou em seu rival tucano. É conveniente que se mostre amistoso com Alckmin -repetindo, aliás, o mesmo roteiro seguido por Dilma depois de eleita.
Embora adversários, prefeito e governador estão presos a uma cadeia de interesses. Seria arriscado que Alckmin boicotasse projetos do petista, quando seu próprio governo precisa da União.
Pode-se prever, contudo, que a retórica amena desses primeiros dias pós-eleitorais não resistirá a situações de maior estresse.
É o que se constata na atual troca de acusações entre o secretário de Segurança do Estado, Antonio Ferreira Pinto, e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. A partidarização do tema da segurança pública, que aflige a população de São Paulo e do Brasil, é lamentável e precisa ser posta de lado.
É evidente, porém, que a rixa prenuncia um ambiente de rivalidade que só tende a se agravar com a aproximação de 2014.
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