Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Opinião

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Sandy

A gravidade do furacão Sandy, com as 39 mortes registradas até a noite de ontem, felizmente ficou muito aquém das 1.322 vítimas fatais do Katrina, que assolou Nova Orleans em 2005. Com topografia e infraestrutura menos vulneráveis que a cidade sulista, Nova York e Nova Jersey conseguiram minimizar danos pela evacuação organizada das áreas mais expostas.

No que concerne a prejuízos materiais, Sandy tampouco rivalizará com Katrina. Estimativas de companhias de seguros indicam que os pagamentos de sinistros devem consumir entre US$ 5 bilhões e US$ 10 bilhões (ou até US$ 30 bilhões, em cenário improvável).

Calcula-se que os pagamentos de seguros por força do Katrina alcançaram US$ 62 bilhões. A conta é da empresa Munich RE (a maior do mundo no ramo de resseguros, que provê cobertura para as próprias empresas seguradoras).

O valor corresponde a cerca de metade do prejuízo total do furacão de 2005, da ordem de US$ 125 bilhões (para comparação, isso equivale a seis vezes o Orçamento anual da cidade de São Paulo).

Com dois desastres dessa magnitude em sete anos, os EUA têm muito com que se alarmar. Estudo da mesma Munich RE apontou, há duas semanas, que a América do Norte foi o continente mais castigado por esses eventos climáticos extremos nas três últimas décadas.

Eles quintuplicaram, ali, enquanto na Ásia quadruplicaram -contra um fator 2,5 na África, 2 na Europa e 1,5 na América do Sul.

Pode-se cogitar que os registros sejam mais completos nos países desenvolvidos, onde a infraestrutura urbana é complexa e há quantidade incalculavelmente maior de bens segurados.

A discrepância com a Europa, por sua vez, seria explicada pela ausência de cadeias de montanhas, no sentido leste-oeste, para separar as massas de ar frio, vindas do polo, do ar quente e úmido dos trópicos, cujo encontro produz tempestades. Há muita controvérsia, ainda, sobre a influência do aquecimento global na propagação desses eventos extremos -inconclusiva, até o momento.

Para as empresas de seguros, essa relação causal é quase indiferente, na hora de alimentar modelos de cálculo de risco. Basta-lhes constatar, com a Munich RE, que desastres climáticos crescem em ritmo mais acelerado que os de origem geofísica (como terremotos).

Agravado pela humanidade ou não, o clima mais uma vez dá provas de que é recomendável encará-lo sob o signo da precaução.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página