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Opinião

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Obstáculos políticos

Economia europeia estaciona no limiar da recessão, em especial na França, e desperta novas reações eleitorais -como se observa na Itália

As projeções econômicas da Comissão Europeia não deixam dúvida de que o cenário para o continente ainda é de recessão. Prognostica-se uma contração de 0,3% no PIB da zona do euro neste ano (em novembro, a expectativa era de crescimento de 0,1%).

Alemanha e França devem mostrar crescimento ínfimo (0,5% e 0,1%, respectivamente). Mas outros países importantes devem continuar prisioneiros da retração.

O risco de uma crise financeira iminente foi afastado com a ação decidida do Banco Central Europeu no ano passado e com reforços nos pilares da união monetária. Um deles foi a decisão de estabelecer uma fiscalização bancária comum -primeiro passo para que se possa, um dia, dividir entre os adeptos da moeda única os prejuízos de crises bancárias.

Outro ponto foi o fortalecimento do pacto de estabilidade fiscal, que aumentou os poderes da Comissão Europeia para intervir na definição dos orçamentos nacionais e, assim, exigir medidas para reduzir deficit fiscais.

Esse continua a ser o dilema da Europa. De um lado, a solvência das contas de cada país é essencial para restaurar sua credibilidade e para que se possa pensar em crescimento no médio prazo.

De outro, os cortes de despesas para atingir as metas fiscais são recessivos e podem iniciar um círculo vicioso. As projeções apontam que muitos países não cumprirão, neste ano, as metas estabelecidas.

O caso da França é exemplar. Ao lado da Alemanha, o país constitui o centro de gravidade da União Europeia. Suas decisões condicionam o rumo e o ritmo da integração; se a França não mantiver o compromisso com as metas de austeridade orçamentária, será muito mais difícil exigir disciplina dos demais membros da zona do euro.

A economia francesa tem decepcionado. O desemprego continua a aumentar, e a indústria, a sofrer com sua falta de competitividade. Há risco de o deficit fiscal francês subir a 3,7% do PIB, quase 20% acima da meta fixada, e de a dívida pública superar 90% do PIB.

O governo socialista de François Hollande se comprometeu com cortes de gastos e aumentos de impostos de 38 bilhões de euros neste ano. A Comissão Europeia demandará mais detalhes sobre os planos e então decidirá com qual rapidez o país deverá compensar os estouros. Mas a popularidade de Hollande cai na razão inversa do descontentamento com a recessão.

O ano de 2013 ainda será de ajuste de contas na Europa. Não se descarta que a recessão prolongada e o desemprego em alta continuem a minar a legitimidade das políticas orçamentárias austeras e levem a novos episódios de instabilidade, como o que ora se presencia nas eleições parlamentares da Itália.


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