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Opinião

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Transição à moda Castro

É conhecida a inclinação do ditador de Cuba, Raúl Castro, a promover com lentidão as inevitáveis reformas em seu país. Desde que substituiu o irmão Fidel -afastado em 2006 para tratamento médico-, ele tem feito intervenções cautelosas para tolerar alguma iniciativa privada na economia.

Não deixa de provocar surpresa, mesmo assim, o anúncio de que a era Castro tem data para terminar -ainda que só em 2018. A aposentadoria foi informada pelo próprio Raúl, 81, num evento que contou com a rara presença de Fidel, 86.

Durante discurso na Assembleia Nacional, Raúl indicou seu provável sucessor: Miguel Díaz-Canel, ex-ministro da Educação Superior, um notório "raulista".

Pouco haveria de notável na promoção de Díaz-Canel a número dois do governo, não fosse por um aspecto: sua idade. Aos 52 anos, representa uma nova geração em seu país. Basta dizer que, até hoje, boa parte da classe dirigente é composta por políticos que lutaram na revolução de 1959.

Seria ingenuidade, porém, esperar que, a partir de agora, o regime castrista intensificasse as mudanças econômicas e políticas na ilha. "Não fui escolhido presidente para restaurar o capitalismo em Cuba. Fui eleito para defender, manter e aperfeiçoar o socialismo, não para destruí-lo", afirmou Raúl.

Em outras palavras, prosseguirão as reformas "chinesas" em Cuba, com estímulos pontuais a negócios privados na economia e nenhum sinal de alterações no sistema autoritário de partido único.

A falência do modelo puramente socialista ficara patente na década de 1990, com o fim da União Soviética. Aos poucos, os irmãos Castro cederam à necessidade de reformas econômicas, e coube a Raúl implementar a maior parte delas.

A experiência de abertura asiática, no entanto, dificilmente poderá ser transposta a Havana. Diferenças geográficas e demográficas, para não falar do exorbitante embargo norte-americano, deixam Cuba muito aquém do potencial de que desfrutam China ou Vietnã. O regime de Raúl se sustenta,hoje, com receitas do turismo e ajuda da Venezuela de Hugo Chávez.

É uma base precária, que não pressagia grandes voos de prosperidade em Cuba. Sem maior perspectiva de progresso material para sua população, estreita-se também o espaço para acomodar anseios democráticos. Daí a lentidão e o acanhamento das reformas, que fazem da idade do burocrata sucessor a grande novidade do prolongado ocaso dos Castro.


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