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Hussein Ali Kalout

Obama: o caminho a Jerusalém

Na concepção de Washington, a coalizão Netanyahu-Lieberman ostenta o título de pior governo desde a fundação do Estado de Israel

O caminho de Obama a Jerusalém ocorre num momento crítico da história contemporânea do Oriente Médio. A consolidação de novas forças políticas levará a alterações fundamentais no mapa de poder da região e definirão a dinâmica política da próxima década.

A estagnação do processo de paz com os palestinos, as controvérsias em torno do programa nuclear iraniano, o incógnito fechamento do cenário na Síria e as alterações da topologia política da região, desencadeados pelas transformações no mundo árabe e islâmico, serão os pontos cardeais da agenda entre americanos e israelenses.

No bojo desse arcabouço encontra-se, ainda, acerto das arestas entre Obama e Netanyahu.

Para Washington está claro que uma nova doutrina diplomática precisa ser posta em marcha, especialmente se os EUA desejarem preservar sua influência sobre a região. Contudo, essa engenharia política dependerá, em boa medida, das mudanças na forma e no conteúdo que a diplomacia de Tel Aviv imprimirá nos quatros anos da reeleita administração Obama.

A era de ditaduras estáveis moldadas por Washington, para servirem como mantenedoras do status quo, ruiu e o cenário de perpétua estabilidade para Israel hoje se encontra em um trilho desfavorável. Variações como essas, conjugadas com o fortalecimento operacional das resistências armadas contra a ocupação israelense, reduziram a zona de conforto e a disparidade militar de Israel em relação a seus oponentes.

É a estagnação do processo de paz e a contínua colonização dos territórios palestinos que expõem cada vez mais Washington, infligindo duras críticas à política exterior americana nos foros internacionais. As fissuras nas relações bilaterais emanam, sobretudo, do custo de defender Israel, cada vez mais alto e prejudicial para a sociedade americana.

Sintoma claro da perda de credibilidade norte-americana como mediador se manifesta na mudança da estratégia da resistência palestina, fundamentada em um novo dogma calcado na unilateralidade diplomática e na abdicação do diálogo consensuado com o governo de Israel.

Outra polêmica constituída a partir da verborragia de Netanyahu tange ao programa nuclear iraniano. Washington sabe que uma operação militar israelense contra o Irã é um suicídio e levará a região ao caos. Enterrar os esforços em prol do diálogo e fechar a janela de oportunidade que segue aberta para se alcançar um acordo viável é um desfecho que Obama não deseja -especialmente após a flexibilização das posições do Irã e do P5+1.

Já a grande aresta está na reconstrução da confiança entre Obama e Netanyahu, quebrada pela dissonância de visões e pelos confrontos sobre a independência de Israel na região em relação aos interesses dos EUA. Na concepção de Washington, a coalizão Netanyahu-Lieberman ostenta o título de pior governo desde a fundação do Estado de Israel.

Entretanto, para lançar uma arquitetura diplomática reconfigurada por mais pragmatismo neste segundo mandato, Obama precisa retornar de Jerusalém com garantias da paralisação dos assentamentos ilegais na Cisjordânia. E com a certeza de que nenhuma ação israelense será impetrada contra Teerã sem a anuência de Washington e que um novo modus operandi precisa ser construído para lidar com a ascensão de regimes islâmicos na região.

A formulação de uma nova gramática política em sua diplomacia mórbida para o Oriente Médio depende, sobretudo, da cooperação de Israel. Forte razão para Obama iniciar o seu segundo mandado pelo caminho a Jerusalém.


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