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'Lula era um presidente que ouvia mais'

Para ministro do STF, atuação do petista difere do estilo centralizador de Dilma, que tem 'mais certezas do que dúvidas'

Dias Toffoli afirma que Lula nunca interferiu em seu trabalho no período em que chefiou a Advocacia da União

DE BRASÍLIA

O ministro José Antonio Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, disse na entrevista à Folha e ao UOL que o estilo centralizador da presidente Dilma Rousseff contrasta com o do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu antecessor.

(FR E FS)

-

Folha/UOL - Juízes têm oficialmente mais dias de férias do que os outros trabalhadores.
Dias Toffoli - Fui perguntado na sabatina [no Senado] e eu falei: Por que Vossas Excelências não ampliam o direito de férias de dois meses para todos os trabalhadores?

Falando sério, o sr. acha...
Estou falando sério.

Não acha que isso destoa do modelo econômico aplicado na maioria das democracias bem sucedidas atualmente?
O Brasil há muito tempo tem férias de 30 dias para a maioria dos trabalhadores. Muitos países não têm.

É viável economicamente?
Economicamente falando, diziam que a abolição da escravatura ia destruir a economia fazendeira e cafeeira do Brasil. Destruiu?

O preço dos serviços e dos produtos nacionais ficará mais caro se forem oferecidos mais direitos aos trabalhadores brasileiros do que aos de outros países.
O problema do Brasil é o preço da mão de obra? Dizia-se que aumentar o salário mínimo ia quebrar o país. Lembro quando eu estava na Casa Civil na época e que o presidente Lula decidiu sozinho, contra a posição de todos, aumentar o salário mínimo, aumento real. O [ex-ministro da Fazenda Antonio] Palocci dizia isso [que quebraria o país], a área econômica do governo dizia isso.

O sr. participou do governo do ex-presidente Lula. Conheceu como funcionava. Agora, acompanha o governo de Dilma. Quais as diferenças?
O estilo é diferente. Pelo que eu leio, o estilo da presidente Dilma é um estilo que se baseia mais na autoridade versus subordinação. O presidente Lula era um presidente que ouvia mais, que sentia mais e depois ele tomava uma decisão. Ele não tinha ideias preconcebidas, não tinha certezas. Ele tinha mais dúvidas que certezas.

E a presidente Dilma?
Penso que tem mais certezas do que dúvidas. É um estilo diferente.

Ela delega menos?
Ela delega menos, centraliza mais. Pode-se tentar deduzir diversas hipóteses. Que a mulher é mais centralizadora. Enfim, não sei as razões. O que eu posso dizer é que o presidente Lula nunca interveio no meu trabalho. Nunca disse: "Toffoli, isso que você falou está errado. Esse parecer está equivocado", "Toffoli, faça um parecer assim, que eu estou precisando". Nunca. Nunca o presidente Lula interveio no trabalho, quando eu fui subchefe de assuntos jurídicos da Casa Civil, nem quando eu fui advogado-geral da União. E ele sempre ouviu minhas opiniões, sempre foi atento. Sempre tive a liberdade de dizer não.

O senhor está hoje com 45 anos. Pretende ficar até os 70 no Supremo?
Eu espero que aprovem a vitaliciedade à la americana [risos]. E que Deus me dê muitos anos de vida. Não posso responder pelo futuro, nem pela história, mas a atuação em uma Suprema Corte é de uma grandeza e de uma possibilidade de contribuir com a nação que poucos cargos permitem. E com liberdade, porque não depende de voto, não depende de nada. É o trabalho da sua consciência.


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