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Novos tribunais irão custar R$ 1 bi por ano, diz estudo

Trabalho do Ipea cita aumento de 59% nos custos da Justiça Federal de segunda instância, mas sem ganho de eficiência

Levantamento, que não considera gastos com instalações de TRFs, lista discrepâncias do projeto aprovado no Congresso

RICARDO MENDONÇA DE SÃO PAULO

A criação de quatro novos Tribunais Regionais Federais (TRFs) custará R$ 922 milhões por ano, segundo estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), órgão vinculado à Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República.

O valor representa um aumento de 59% nos custos fixos da Justiça Federal de segunda instância. Mas, conforme os autores, isso não resolveria o problema de eficiência do Judiciário nesse segmento.

Até então, as especulações sobre os custos dos novos tribunais variavam de R$ 1 bilhão a R$ 8 bilhões.

Assinado por Alexandre de Castro, Bernardo de Medeiros e Alexandre Cunha, o estudo só contabiliza os custos operacionais envolvidos. Não soma gastos com obras, por exemplo, nem gastos indiretos, como expansão subsequente das estruturas do Ministério Público e Defensoria.

Atualmente há cinco TRFs no país, que, conforme o levantamento, custam R$ 1,57 bilhão por ano. Essas cortes cuidam de casos que envolvem o Poder Executivo, como correções de planos econômicos e divergências com o INSS. Não tratam de disputas comerciais ou casos de família.

A Emenda Constitucional que cria TRFs (EC 37), realocando processos para novas jurisdições, foi promulgada pelo deputado André Vargas (PT-PR), presidente do Congresso Nacional na ausência do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), que era contra.

Defendida por associações de magistrados e governadores, a ideia foi criticada pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, para quem a aprovação foi "sorrateira". Ele chegou a dizer que os novos tribunais "vão ser criados em resorts, em alguma grande praia".

Para chegar ao valor de R$ 922 milhões/ano, os pesquisadores usaram como base o custo médio por processo nos atuais TRFs. Como não se fala em reduzir a estrutura dessas cortes, o custo dos TRFs em funcionamento continuará igual, mesmo com menos casos para julgar. Há só um aumento de custo relativo.

CUSTOS

Para os novos tribunais, eles multiplicaram o valor médio unitário de cada processo pelo total de casos que cada novo TRF deverá herdar.

Os pesquisadores chamam a atenção para distorções da proposta. Uma delas é que um tribunal tido como pouco eficiente (o TRF-1, que abrange 14 unidades da Federação) se reproduziria em três "filhotes" com a mesma cultura institucional, mas escala reduzida.

"Se os novos tribunais fossem capazes de adotar melhores práticas e elevar a produtividade, por que os tribunais que lhe deram origem também não o seriam?", escrevem. "O que a EC 37 faz é multiplicar a ineficiência através da criação de novos órgãos."

Outra distorção é no TRF-4 (PR, RS e SC). Com a reforma, ele passa a abarcar só casos do Rio Grande do Sul. Conforme os índices locais de produtividade, seus 25 desembargadores resolveriam todos os casos novos e pendentes em menos de um ano. Assim, concluem, o órgão ficaria ocioso, sem qualquer serviço para os magistrados.


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