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Mercado - em cima da hora
Acordo fracassa, e BC liquida banco BVA
Sem apoio do Fundo Garantidor, dono da Caoa não consegue comprar instituição, que estava sob intervenção
FGC se negou a colocar mais dinheiro do que perderia em caso de liquidação; empresário não se pronuncia
O Banco Central decidiu ontem liquidar o banco BVA, instituição financeira focada em médias empresas que, com patrimônio negativo, estava sob intervenção desde outubro do ano passado.
Antes de optar pela liquidação extrajudicial, o BC deu tempo para os credores encontrarem uma "solução de mercado" para viabilizar a recuperação do BVA.
Diferentemente do Cruzeiro do Sul, que foi liquidado por falta de comprador, o BVA tinha um interessado, Carlos Alberto de Oliveira Andrade, dono da concessionária de veículos que leva seu nome.
Caoa, como é conhecido, tinha R$ 500 milhões a receber do banco e propôs assumir o BVA se 95% dos demais credores aceitassem vender suas dívidas. A proposta era pagar 35% à vista, com a promessa de receber mais 35% dependendo da recuperação.
A oferta do empresário teve a adesão de perto de 90% dos credores, apurou a Folha.
A negociação, porém, fracassou na semana passada com o FGC (Fundo Garantidor de Créditos), maior credor e responsável por indenizar os demais investidores.
O Fundo Garantidor havia aceitado ter um desconto maior do que os demais credores, mas o empresário retirou a proposta feita.
Inicialmente, Caoa havia se comprometido a pagar ao fundo R$ 150 milhões à vista e mais R$ 150 milhões dependendo do sucesso do BVA.
Além de retirar a proposta, o empresário pediu um empréstimo de R$ 500 milhões.
O Fundo Garantidor, que já tinha pago R$ 1,3 bilhão em indenizações, descartou colocar mais dinheiro para recuperar o BVA do que perderia no caso de liquidação.
Cada investidor pessoa física teve direito a cobertura de até R$ 70 mil, sendo que os fundos que compraram papéis com garantia especial (conhecida como DPGE) receberam até R$ 20 milhões.
Segundo o BC, a liquidação do BVA não implica riscos aos demais bancos.
O BVA tem apenas 0,17% dos ativos do sistema financeiro e 0,24% dos depósitos.
O banco tinha sete agências no Rio, em Minas e em São Paulo. Desde a intervenção ficaram indisponíveis os bens dos controladores e dos ex-administradores, que estão sendo investigados.
Procurados, FGC e Caoa não se pronunciaram.