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Análise
Pressão das ruas fez Legislativo trabalhar mais, mas 2º semestre é uma incógnita
VERA MAGALHÃES EDITORA DO PAINELO ritmo frenético de votações no Senado e na Câmara nas últimas semanas, reflexo da onda de manifestações que varreu o país e chegou ao telhado do Congresso, merece ser louvado. Mas a principal pergunta que suscita é: por que não é sempre assim?
Ao se mostrarem capazes de votar, em poucas sessões, uma quantidade de matérias que não analisam em muitos anos, senadores e deputados aumentam a expectativa de que a súbita produtividade seja mantida após o recesso que agora se inicia.
Há que se separar o joio do trigo na fúria legiferante. Ao lado de medidas claramente positivas, como a mudança na regra de suplentes para senadores e o enterro da PEC 37, que visava tutelar o Ministério Público, foram aprovados projetos que aumentam gastos públicos, cujo impacto terá de ser mensurado.
Há, ainda, outras tantas propostas que não estão em sintonia com as reivindicações das ruas, como a minirreforma eleitoral que afrouxa os controles sobre gastos de campanha, que deve voltar à pauta em agosto.
A própria conduta dos presidentes das duas Casas foi um elemento dissonante da tentativa de limpar a barra do Legislativo com a sociedade.
Os peemedebistas Henrique Eduardo Alves (RN) e Renan Calheiros (AL) foram questionados por usar jatos da FAB para compromissos particulares, já no auge das passeatas em todo o país.
Depois de esboçarem uma justificativa oficial'' para o uso das aeronaves, reembolsaram os voos, mas não afastaram a sensação de que os costumes em Brasília ainda terão de mudar muito para se adequar aos novos parâmetros de transparência que a sociedade passou a exigir.
Resta saber se o segundo semestre manterá o ritmo de votações todas as semanas, com foco nos interesses mais gerais da sociedade, ou será de novo perdido em conchavos partidários e projetos que só interessam aos políticos.