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Cotidiano em cima da hora

25 PMs são condenados a 624 anos de prisão por massacre do Carandiru

Policiais foram culpados por 52 das 111 mortes ocorridas em invasão à Casa de Detenção

Todos irão recorrer em liberdade; há três meses 23 policiais já haviam sido condenados na primeira fase do júri

AFONSO BENITES TALITA BEDINELLI DE SÃO PAULO

Os 25 policiais militares acusados por 52 das 111 mortes ocorridas durante o massacre do Carandiru, há quase 21 anos, foram condenados a 624 anos de prisão cada um. Todos vão recorrer em liberdade.

A sentença dessa segunda fase do julgamento foi lida pelo juiz Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo às 4h20 de sábado. Os jurados consideraram que os PMs são responsáveis pelos crimes ocorridos na Casa de Detenção em 2 de outubro de 1992.

Os policiais ouviram a decisão dos sete jurados, todos homens, de pé. Quase nenhum demonstrou reação.

De acordo com a sentença, os nove PMs que ainda estão na ativa perderão seus cargos.

Inicialmente, os 25 PMs eram acusados por 73 assassinatos, número total de presos mortos no segundo andar pavilhão 9 do Carandiru, onde eles atuaram.

Mas o promotor Fernando Pereira da Silva pediu que 21 mortes fossem retiradas dessa conta, pois elas teriam ocorrido em locais como escadas e em um lado do corredor onde a equipe não teria atuado.

Dessa forma, não seria possível dizer que esses PMs eram responsáveis. Os jurados concordaram com o argumento.

Assim como há três meses, quando 23 PMs foram condenados, os jurados discordaram da tese da advogada Ieda Ribeiro de Souza de que a condenação não era possível, pois a autoria das mortes não foi individualizada.

"Precisa saber quem foi. Precisa saber quem atirou. Diz pra mim quem foi e como foi. É só isso que eu peço", disse a advogada, aos gritos, na primeira fase dos debates, em que falou por quase três horas.

A defensora tentou mostrar que os presos eram violentos. Em um telão, projetou fotos de detentos carbonizados ou degolados por companheiros.

Ela afirmou que irá recorrer da decisão e que e o responsável pela invasão do Carandiru é o ex-governador Luiz Antônio Fleury Filho.

"Quem deveria estar aqui é o dr. Fleury. Ele não foi [ao Carandiru] porque tinha costas quentes. Ninguém naquela época, numa véspera de eleições, assumiria politicamente esse caso. Então o que fizeram? Jogaram na conta desses policiais aqui."

Em depoimento essa semana, Fleury disse que estava em viagem no dia do massacre e não deu a ordem para a entrada dos policiais. Afirmou, porém, que se tivesse no gabinete, teria autorizado a invasão.

CONFRONTO

O promotor atacou os indícios de que houve um confronto no Pavilhão 9. Afirmou que 45 das 52 vítimas receberam três ou mais disparos e 47 tinham ferimentos na cabeça e no pescoço. "Será que [o episódio] aconteceu do jeito que eles falaram ou será que eles mentiram?"

Ele mostrou ainda imagens de laudos que mostravam presos atingidos pelas costas, à queima roupa e enquanto estavam ajoelhados ou deitados.


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