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Protestos em SP acabam em confrontos
PM reprime manifestantes na Câmara Municipal e na Assembleia Legislativa; houve sete feridos e dois presos
Antes de tumultos, Datafolha calculava em cerca de 3.000 os participantes de ato no vale do Anhangabaú
Com adesão bem menor que os protestos de junho, dois atos contra o cartel do metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) terminaram em confronto. A Polícia Militar de São Paulo reagiu a manifestantes na Câmara Municipal, no centro, e na Assembleia Legislativa, na zona sul.
Antes do tumulto, por volta das 16h30, o Datafolha calculou em cerca de 3.000 o total de manifestantes no vale do Anhangabaú. No protesto de 20 de junho, houve 110 mil na avenida Paulista.
Iniciadas no meio da tarde, as manifestações com críticas ao governo Alckmin e a outras gestões tucanas no Estado não tiveram grandes incidentes até as 19h, quando um grupo tentou entrar na Câmara Municipal, no centro, depois que ao menos 55 manifestantes tiveram acesso ao prédio --alvo nas manifestações pela primeira vez.
Parte deles se dirigiu ao plenário e outros foram para o 8º andar. Lá, discutiram com o presidente da Câmara, vereador José Américo (PT), reivindicando o passe livre no transporte urbano municipal.
Os manifestantes deram um "cavalo de pau ideológico", segundo José Américo: "Não entendi. Começou com um ato contra o sobrepreço das licitações do metrô e agora voltaram a atacar a prefeitura". Foi marcada uma audiência pública sobre o tema transportes para o dia 22.
Impedido por policiais, o grupo do lado de fora atirou pedras e bombas de festa junina. Um vidro da entrada da Câmara foi estilhaçado. Tapumes, destruídos. A PM reagiu com bombas de gás e spray de pimenta. Havia cerca de 300 pessoas no local.
Dois jovens foram detidos. Segundo a PM, houve ao menos quatro feridos --três policiais e um cinegrafista--, atingidos por pedradas.
Uma loja e uma agência bancárias na região da Liberdade tiveram vidros quebrados e houve pichações. Nina Capello, do Movimento Passe Livre, disse que o MPL não participou do ato na Câmara. "O propósito era outro."
ASSEMBLEIA
Na Assembleia Legislativa, a concentração de manifestantes ligados a sindicatos e movimentos sociais ocorreu no fim da tarde. O ato, organizado por centrais ligadas ao PT, pedia a instalação de uma CPI sobre as suspeitas de formação de cartel em licitações do governo.
Deputados da sigla negociaram a entrada de parte dos manifestantes, que ocuparam galerias e auditórios. Segundo a PM, 600 pessoas entraram na Casa. Quando houve acordo para que um novo grupo entrasse, manifestantes investiram contra grades de proteção, tentaram forçar a entrada e foram impedidos pela PM, que usou bombas de efeito moral e de gás.
Três feridos foram atendidos no serviço médico da Assembleia, entre eles Edinalva Franco, militante do movimento de moradia, filiada ao PT. Ela foi ferida na perna e exibiu balas de borracha. O comandante da operação da PM, major Sérgio Watanabe, negou o uso do armamento.
Deputados do PT levaram a militante ao plenário para criticar a ação da PM e se retiraram da sessão que votaria o projeto que reduz a atuação de promotores. O partido pedirá investigação sobre a ação da tropa de choque.