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Análise

'Pax tucana' foi curta e união entre Serra e Aécio parece inviável no curto prazo

FERNANDO RODRIGUES DE BRASÍLIA

O que parecia para alguns ser o início de uma duradoura "pax tucana" acabou se desfazendo no ar por causa da entrada do ex-governador de São Paulo José Serra na disputa pela vaga de candidato a presidente pelo partido em 2014.

O enredo se desenrolou rapidamente nas últimas duas semanas. Serra manifestou, por meio de entrevistas, o desejo de disputar a vaga de candidato a presidente da República no próximo ano.

O senador Aécio Neves (PSDB-MG), dado como favorito para ficar com essa incumbência, respondeu dizendo que aceitaria uma eleição interna prévia para a escolha do nome.

Serra treplicou de maneira ambígua. Disse ser necessário ter "igualdade de condições" para entrar numa disputa na legenda. O paulista cogita também sair do PSDB e se filiar a um outro partido.

Ocorre que isso precisa ser executado até 5 de outubro, quando faltar um ano para a eleição de 2014 --prazo legal mínimo para entrar em uma agremiação política e disputar um cargo público.

DIFICULDADES

Por razões operacionais (o PSDB não tem um cadastro consistente de filiados) e políticas (ninguém conseguiria fazer campanha em apenas quatro semanas), a possível eleição prévia interna dos tucanos não será realizada antes do prazo final sobre filiações partidárias.

Como a principal oferta para Serra deixar o PSDB partiu do hoje minúsculo PPS (11 deputados federais), o tucano tende a permanecer na sigla que ajudou a criar em 1988 --embora ninguém consiga fazer essa afirmação com 100% de segurança.

Se ficar no partido, Serra talvez pressione para que as prévias internas sejam realizadas. Nas condições atuais, suas chances de vencer seriam pequenas. Aécio domina a máquina partidária, pois foi eleito presidente da sigla em maio passado e montou a direção do seu modo.

Nem Serra nem Aécio falam sobre prévias porque desejam tal solução. O paulista quer dificultar a vida do mineiro e impedi-lo de se consolidar como candidato presidencial da legenda. E o mineiro apenas sugere a disputa interna porque hoje está seguro de uma vitória.

A história recente da política brasileira desaconselha a fazer previsões com muita antecedência. Serra ficará à espera do acaso, de algum infortúnio que inviabilize Aécio. Se tudo der errado e o mineiro seguir em frente, o cenário visto em 2010 poderá ser replicado em 2014, mas com papeis trocados.

RESSENTIMENTO

Naquele ano, Serra foi candidato e ficou ressentido. Julgou ter recebido pouco apoio de Aécio na disputa presidencial --vencida por Dilma Rousseff (PT), com o tucano ficando na segunda colocação. Em 2014, se o mineiro for o candidato do PSDB ao Planalto, o tratamento do paulista será na mesma moeda que lhe foi entregue em 2010: em público, adesão total; em privado, corpo mole.

O mesmo raciocínio vale numa eventual inversão de papeis, com Serra conseguindo ser candidato e Aécio terminando escanteado.

Tudo considerado, hoje são exíguas as chances de haver paz e união entre os líderes do maior partido de oposição do país.


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