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Para escritor, atuação de 'black blocs' ajuda Estado
Ação violenta esvazia protestos, diz americano
A violência dos "black blocs" ajuda o Estado ao afastar as massas de manifestações. A avaliação é do escritor e jornalista norte-americano Chris Hedges, apoiador do Occupy Wall Street, movimento crítico ao modelo atual de capitalismo que chacoalhou os EUA em 2011 e 2012.
"O poder do Occupy e, creio, dos movimentos no Brasil é que expressam as preocupações e as frustrações da maioria", disse Hedges por telefone à Folha.
"Mas entregar o movimento para o black bloc', ou deixar que eles o sequestrem, afasta as massas e transforma o movimento em marginal, exatamente o que o Estado quer", afirmou.
Para Hedges, trata-se de "um instrumento muito eficiente para fazer as pessoas terem medo dos protestos", além de facilitar a infiltração policial, ao menos nos EUA.
"Entre os que marcham com o Occupy, temos trabalhadores indocumentados, que serão deportados em caso de prisão, pessoas com crianças, pessoas com deficiência e idosos. Se eles provocam a polícia e há uma resposta, os black blocs podem se livrar, mas deixarão todas essas pessoas expostas."
Hedges também discorda da autoclassificação de "tática" dos "blocs" --prefere usar a palavra "grupo".
"Quando você vê cem pessoas marchando juntas de preto, com os rosto cobertos, como um corpo, isso se chama grupo. A ideia de que seja apenas uma tática não é verdadeira", afirmou.
Ex-correspondente do jornal "The New York Times", autor de vários livros e colunista da publicação de esquerda "Truthdig", Hedges escreveu no um duro ataque aos "blocs", a quem a chamou de "câncer no Occupy".
Falando sobre o caso americano, ele descreve os "blocs" como jovens brancos de classe média niilistas, adeptos ao "pequeno vandalismo" e que padecem de "hipermasculinidade" de contornos fascistas.
"Fascismo é uma ideologia hipermasculinizada que tenta falar com o resto do mundo usando a linguagem da violência e da violência. Eu vejo todas essas características no black bloc."
Os "black blocs" surgiram nos anos 1980 na Alemanha e pregam ataques à polícia e a símbolos do capitalismo.