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Sindicalista, 'Chininha' tinha total confiança de Lula

RICARDO MENDONÇA DE SÃO PAULO

No primeiro capítulo do livro que publicou após deixar o governo Lula, o ex-ministro Antônio Palocci conta que foi Gushiken quem o procurou em outubro de 2002 para dizer que o petista recém-eleito presidente cogitava nomeá-lo para o Ministério da Fazenda.

No segundo, lembra que, na campanha, Lula parecia incomodado com a ideia da famosa "Carta ao Povo Brasileiro" e que a negociação com "o chefe" só fluiu quando "Chininha" entrou na conversa.

Os dois episódios dão dimensão do grau de confiança que Lula depositava em Gushiken, coordenador de suas campanhas em 1989, 1998 e 2002, membro do "núcleo duro" do primeiro mandato e ministro até 2005, quando foi rebaixado por ter sido acusado de ligação com o mensalão.

O envolvimento com o rumoroso escândalo talvez tenha levado ao enfrentamento mais difícil de sua trajetória.

Em 2005, Gushiken foi acusado pelo ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato de ter ordenado o repasse de recursos de um fundo do qual o banco participava para as agências de publicidade do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, principal operador do mensalão.

Pizzolato disse mais tarde que se confundira, mas seu depoimento foi mesmo assim a base da acusação contra Gushiken no processo do mensalão. Ele foi inocentado pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do ano passado. Pizzolato foi condenado e hoje recorre contra a sentença.

Gushiken deixou o governo Lula no fim de 2006, quando demitiu-se da chefia do Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência. Na carta de demissão, escreveu: "Na voragem das denúncias abalou-se um dos pilares do Estado de Direito, o da presunção de inocência, uma vez que a mera acusação foi transformada no equivalente à prova de culpa".

Ex-militante da corrente Libelu (Liberdade e Luta), de viés trotskista, Gushiken ganhou a confiança de Lula na época da criação do PT, no início da década de 80, quando era dirigente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, uma das principais bases petistas no movimento sindical.

"Foi um militante político brilhante, um conselheiro, um companheiro e um grande amigo", disse o ex-presidente Lula ontem, em nota assinada junto com sua mulher, Marisa Letícia da Silva. "Um homem íntegro que dedicou sua vida à construção de um Brasil mais justo e solidário."

A presidente Dilma Rousseff lamentou a morte do ex-colega de ministério. Em nota divulgada pelo Palácio do Planalto, ela mencionou "sua sabedoria e capacidade de pensar como o Brasil poderia ser uma nação mais justa para todos" e prestou "reverência pela serenidade como viveu a vida e enfrentou a morte".


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