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Gastei o que tinha na sigla, diz dono do Pros

Eleito vereador em Planaltina (GO) com 810 votos em 2008, Eurípedes Júnior sonhava em criar um partido desde 2003

Político do interior de Goiás percorria o país desde 2010 para obter as 500 mil assinaturas para aprovar a legenda

BRENO COSTA ENVIADO ESPECIAL A PLANALTINA (GO)

Dono de um campo de grama sintética, de uma van, de uma casa simples e de uma ideia fixa há dez anos: ser dono de um partido político.

Esse é o perfil resumido de Eurípedes Júnior, 38, criador e presidente nacional do Pros, a mais nova legenda do país e que já atrai nomes como o governador do Ceará, Cid Gomes, de saída do PSB.

O sonho de Júnior, como é conhecido em Planaltina, cidade com 82 mil habitantes a 60 km de Brasília, foi realizado semana passada. "Muitos riam dele. Diziam que não tinha capacidade para isso", diz Regina das Chagas, secretária-geral da Câmara de Planaltina, presidida por Eurípedes de 2009 a 2010.

O sonho começou em 2003, segundo sua mulher, Sandra Caparrosa, 37, com quem é casado há 14 anos e tem uma filha. "Estou muito surpresa com tudo", diz Sandra, sentada no bar e restaurante que mantém em Planaltina, o "Biroska", a cerca de 500 metros da casa de muro sem acabamento onde vive com o marido, num bairro simples.

Buscou uma vaga de vereador em 2004, mas os pouco mais de 300 votos dos planaltinenses não foram suficientes. Mudou de tática: começou a doar bolas e outros acessórios esportivos para escolas locais, angariando simpatia da população e levando crianças para seu campo.

Com 810 votos em 2008, elegeu-se. Assim que assumiu, em 2009, virou o presidente da Câmara --hoje o Ministério Público cobra dele R$ 38 mil em salários pagos a mais para si mesmo e para os demais vereadores. Foi ali que achou a estrutura que precisava para criar a sigla.

No próprio gabinete, em meados de 2010, reuniu aliados, um advogado e pediu a assinatura de Regina das Chagas como secretária "emprestada": estava fundado o Pros, com ata e tudo.

Faltavam as assinaturas de 500 mil brasileiros. Ele passou a viajar o país. Segundo Regina, chegava a passar semanas fora de Planaltina.

"Ele sempre disse que queria ter um partido. Mas tinha que ser o dono, o presidente mesmo", diz Franciésio Nogueira, servidor da Câmara Municipal que o ajudou.

Ainda em 2010, tentou se eleger deputado estadual. Não conseguiu. Abandonou a Faculdade de Administração e passou a se dedicar somente à criação do partido.

Segundo Franciésio e Regina, com o apoio financeiro decisivo de "cinco empresários de São Paulo". "Eles doaram cinco carros pro partido, e um deles estava prometendo R$ 100 mil em dinheiro pra ajudar", disse Franciésio.

Mas Henrique Pinto, empresário da construção civil e agraciado com o título de presidente de honra do Pros, diz que a coleta de assinaturas foi bancada com recursos próprios. "Foi uma utopia, que nós fomos para cima com o coração e com a alma, na cara e na coragem", disse.

Na reta final, o partido contou com o apoio do empresário José Batista Júnior --que pertence à família que controla o grupo JBS-- e de alguns governistas, já que deve seguir ao lado de Dilma.

Quem resume o caráter de investimento privado que tem a mais nova legenda é o próprio Júnior: "Vendi o que eu tinha. Vendi para poder fazer o partido. O pouquinho que eu tinha foi embora", afirma.


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