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Índios cercam deputado e tentam entrar no Congresso

Invasão da Câmara foi contida por PMs; conflito acabou com 2 feridos

Manifestantes contra a perda de poderes da Funai furaram pneus do carro de Vaccarezza; deputado fugiu do local

DE BRASÍLIA

Índios que protestam em frente ao Congresso Nacional tentaram invadir a Câmara ontem e chegaram a cercar o carro de um deputado, obrigando-o a abandonar o local para escapar da confusão.

A confusão teve início depois que um grupo de índios tentou invadir a Câmara, mas foi barrado por policiais militares que chegaram a usar spray de pimenta.

Os índios buscaram uma entrada lateral, no anexo 1 do prédio. Um dos manifestantes quebrou o vidro da porta da Casa, e os estilhaços feriram o índio Renato da Silva Filho e o vigilante da Câmara Sanderson Fragoso.

Os dois foram atendidos no Departamento Médico da Câmara. O vigilante teve um pequeno corte na testa e, pouco depois, foi liberado, mas o índio, com vários cortes no braço, teve que ser encaminhado ao Hospital Universitário de Brasília.

O protesto dos índios também fechou vias próximas ao Congresso, e o carro do deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) acabou cercado.

Os índios envolveram o veículo com rolos de papel higiênico, furaram os pneus, xingaram Vaccarezza de "bandido" e "ladrão", e ofereceram cédulas de R$ 2 e R$ 100 ao político.

O petista desceu do carro e tentou negociar. "Eles me disseram que queriam negociar ali. Que o gabinete deles era ali na rua. Eu disse que poderia recebê-los na terça, no meu gabinete. Eles não quiseram", disse Vaccarezza.

Com os manifestantes exaltados, o deputado tentou entrar no prédio do Ministério da Justiça, mas a segurança não deixou. "Abre, abre. Sou deputado e estou sendo ameaçado", disse. Após o apelo, o segurança permitiu que ele entrasse no prédio.

"Eu não vou me intimidar. Eles ganharam a minha antipatia. Antes, eu era simpático à causa deles. Não sou mais", afirmou Vaccarezza.

REIVINDICAÇÕES

Os índios protestam desde anteontem contra propostas do Legislativo que, na opinião do grupo, são prejudiciais à questão indígena.

Uma das reivindicações é que o Congresso não aprove a PEC (proposta de emenda constitucional) que transfere do Executivo para o Legislativo a demarcação de terras indígenas e retira poderes da Funai (Fundação Nacional do Índio).

Na tentativa de acalmar a situação, o presidente interino da Câmara, deputado André Vargas (PT-PR), recebeu ontem uma comissão de cerca de 30 índios.

Ele prometeu enviar uma comissão de deputados amanhã ao local onde os índios estão acampados para receber uma carta com as suas principais reivindicações.

Em nome dos indígenas, o cacique Raoni do Xingu, que vive em uma aldeia em Mato Grosso, cobrou mais "respeito" dos deputados.

Com o dedo em riste na direção de Vargas, Raoni defendeu que a Funai permaneça com a prerrogativa de demarcar terras indígenas, mantendo essa tarefa como atribuição do Executivo.

O grupo promete permanecer em Brasília até depois de amanhã.


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