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Congresso cobra explicações sobre espiões

Comissões do Senado e da Câmara irão analisar pedidos de convocação de ministros para tratar do assunto

Para senador do PSDB, governo é contraditório ao criticar espionagem dos EUA enquanto faz o mesmo com aliados

DE BRASÍLIA

Congressistas cobraram ontem explicações do governo federal sobre operações secretas realizadas pela Abin (Agência Brasileira de Inteligência) com o objetivo de espionar diplomatas de outros países em embaixadas e residências no Brasil.

O senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), vice-presidente da Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência do Congresso, quer convocar o diretor-geral da Abin, Wilson Trezza, e o ministro José Elito Carvalho Siqueira, chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional da Presidência) para prestarem esclarecimentos.

Reportagem da Folha mostrou ontem um relatório produzido pela Abin que contém detalhes sobre dez operações realizadas entre 2003 e 2004 pela agência com o monitoramento de diplomatas da Rússia, Irã e Iraque.

O GSI --que comanda a Abin-- confirmou as operações, mas disse que elas obedeceram a lei brasileira e que tinham como meta proteger segredos de Estado.

"Acho gravíssima essa espionagem, mas temos que ver o contexto em que ela ocorreu, se teve autorização legal ou da Justiça. Se não, parece dois pesos e duas medidas: faça o que eu mando, mas não faça o que eu faço. O que nos permite sair dessa contradição é investigar", disse Ferraço.

Aliado do governo, o senador vai pedir que a comissão mista se reúna para votar o pedido de convocação. A comissão costuma se reunir apenas para discutir situações emergenciais.

O senador Álvaro Dias (PSDB-PR), da oposição, disse que o documento revelado pela Folha mostra que o governo brasileiro "pratica o que condena".

"Se há espionagem dos Estados Unidos para cá, há também daqui para lá. O aparato é diferente, mas o objetivo é o mesmo."

Para o tucano, o governo brasileiro fez acusações aos EUA depois da revelação de espionagem americana pelo analista americano Edward Snowden, mas autorizou a mesma prática com outros países amigos.

"O estardalhaço feito pelo governo não guarda relação com a coerência."

Na Câmara, o líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO), também da oposição, vai propor hoje a convocação do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, do ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo e do chefe do GSI.

Os requerimentos devem ser apresentados nas comissões de Desenvolvimento Econômico, Relações Exteriores e Segurança Pública.

Caso as convocações sejam aprovadas, os ministros são obrigados a comparecer ao Congresso.

"Qual a credibilidade que o governo brasileiro tem para alavancar um movimento mundial contra [a espionagem dos] Estados Unidos?", questionou Caiado.


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