Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Poder

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Análise

Trunfo eleitoral, programa federal pode nunca cobrir 100% das casas

EDUARDO SCOLESE COORDENADOR DA AGÊNCIA FOLHA

Algumas conclusões sobre o tema exclusão elétrica e o programa Luz para Todos.

1) PT e PSDB nunca chegarão a um acordo sobre quem deu o passo mais importante na busca pela universalização do acesso à energia elétrica na zona rural do país;

2) O Brasil tem hoje oficialmente 99,5% dos domicílios com luz, mas é provável que nunca atinja os 100%;

3) O Luz para Todos leva o selo do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), do governo federal, mas não é bancado pelo Orçamento da União, e sim pelos consumidores de energia elétrica --encargos que representam 3% da conta de luz bancaram 72% do programa até agora.

Aos fatos. A paternidade do programa já gerou discussões acaloradas em eleições anteriores e isso mais uma vez deve retornar em 2014.

Para os tucanos, o Luz para Todos foi inspirado no Luz no Campo, criado na era FHC, também bancado por encargos embutidos nas contas de luz dos consumidores.

Para os petistas, o Luz para Todos, criado sob Lula, antecipou e ampliou metas.

Ambos têm razão, assim como nas discussões sobre o Bolsa Família: foi baseado em programas anteriores (FHC), mas ganhou volume no governo seguinte (Lula).

O Luz para Todos desde 2003 corre atrás da universalização do acesso à energia.

Já foi prorrogado e terá de sê-lo mais uma vez após o atual mandato de Dilma, já que dezenas de milhares ainda estarão sem luz depois de dezembro de 2014.

O decreto do Luz para Todos fala em universalização. Ou seja, chegar a todos os municípios e localidades, missão que agora esbarra principalmente nas dificuldades de acesso ao interior dos Estados da região Norte.

"Universalizar", como prevê o programa, é uma coisa. Outra é atingir 100% dos domicílios, o que o avanço natural das casas na zona rural torna missão improvável.

Seria necessária uma equipe de plantão em cada canto do país para encaixar postes e esticar fios toda vez que surgisse um novo domicílio --somente de 2011 para 2012, foram erguidas 331 mil novas residências na zona rural.

O programa pode demorar, mas, quando chega, mexe radicalmente com a vida das pessoas. Por isso o interesse pelo dividendo eleitoral.

Um poste, um fio, uma tomada e uma lâmpada significam água gelada, carne conservada, novelas, futebol ao vivo, leituras à noite e um ponto final naquela fumaça insuportável do candeeiro.

No quintal da pequena propriedade, o ponto de luz representa também a água bombeada, o leite resfriado e a aposentadoria do gerador.

Não entendeu o impacto do programa? Fique um dia sem luz e multiplique essa agonia por 20, 30, 40 anos.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página