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'A ordem era matá-lo', diz afilhado de coronel

Família crê em vingança de vítimas torturadas ou de ex-empregados

Guia de sepultamento diz que Malhães teve infarto, mas só laudo poderá confirmar causa da morte

DIANA BRITO DO RIO

O trio de criminosos que invadiu a casa do coronel reformado Paulo Malhães, morto na quinta-feira, tinha ordens para "matar ele", segundo Joaquim Souza, 25, afilhado e vizinho do militar.

O crime aconteceu um mês depois de Malhães admitir, à Comissão Nacional da Verdade, que torturou e matou presos políticos durante a ditadura militar. Souza afirmou que foi um dos primeiros a chegar à casa do coronel na manhã seguinte ao crime.

"A mulher dele contou que os bandidos se falavam o tempo todo por rádio. E recebiam ordens: 'Ainda não matou ele? Tá demorando muito. A ordem é matar ele'. Perguntavam se meu padrinho não lembrava da família que matou em [Duque de] Caxias, ele respondia que não", disse.

O rapaz disse crer que o crime foi motivado por vingança de uma das vítimas torturadas no passado ou de algum dos ex-empregados de Malhães, com quem "ele sempre teve muito problema".

A Folha tentou ouvir a viúva do militar, Cristina Malhães, durante o enterro, ontem à tarde, no cemitério de Nova Iguaçu. Abalada, ela não quis falar. Cerca de 30 pessoas estiveram na cerimônia.

A guia de sepultamento do coronel reformado indicava como causa da morte "edema pulmonar", "isquemia do miocárdio" e "miocardiopatia hipertrófica", o que pode ser indício de infarto. Familiares confirmaram que Malhães tinha problemas cardíacos.

Especialistas ouvidos pela Folha afirmaram que apenas com exames complementares será possível afirmar como o militar morreu.

Anteontem, a polícia afirmou que Malhães havia morrido asfixiado -seu corpo foi encontrado de bruços, no chão, com a cabeça afundada em um travesseiro.

Os criminosos levaram dois computadores, algumas joias, armas e R$ 700.

A polícia suspeita que os computadores pudessem conter nomes de militares que atuaram na repressão e trabalha com as hipóteses de latrocínio ou vingança.


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