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Janio de Freitas

As Copas torcidas

Para quem conhece futebol, a imagem de TV ainda não permite ver como o jogo de fato se processa

Ainda que a Fifa fosse menos elitista, ou menos europeiamente obtusa em relação ao mundo não europeu, a maioria dos brasileiros não estaria nos estádios que hoje começam a abrir-se para a Copa. Assim como os que têm nas paixões do futebol o seu maior ou único diletantismo, todos os outros que acompanharão os jogos estão condenados a fazê-lo pela TV.

Condenados? Isso mesmo. Para quem conhece futebol propriamente dito, em qualquer medida, a imagem de TV ainda não permite ver como o jogo de fato se processa, com a oferta ao espectador de pedaços do campo, apenas. A visão do todo, das distribuições e articulações táticas dos times, é essencial para a percepção do jogo, mas não entra na tela. Há quem aprenda a intuir, no entanto parecem poucos.

A outra condenação é pior. Alcança todos, não só os reais e os pretensos entendidos. Poucos dos chamados narradores esportivos são narradores de fato e sempre. Se houver alguma possível patriotada em cena, o narrador esperado pelo ouvinte revela-se apenas um torcedor mal disfarçado. Para isso, não é incomum que seja preciso distorcer, omitir e ser injusto. Deformação que constitui, por absurdo que seja, uma escola de narração, a pretexto de identificar-se com o público. E, não declarada mas determinante, de conveniências para a publicidade.

Depreciada, a informação que o espectador anseia se perde, entre a atitude torcedora e as divagações de quem deveria complementar a imagem com os pormenores inalcançáveis pelo espectador/ouvinte. Por exemplo: aos movimentos dos atletas juntou-se a transformação deles em "outdoors" publicitários, resultando em maior dificuldade de identificar cada um a cada momento. Isso não conta, porém, para o mal denominado narrador, que prefere banalidades biográficas de um atleta, estatísticas de falsa história e outros descasos com sua função.

Não é por acaso que os narradores objetivos e jornalísticos têm dificuldade de chegar ao nível mais alto de projeção e reconhecimento nas maiores emissoras. Mas a narração do "narrador" torcedor, dirigindo o ouvinte para distorções e passionalismos, é um sistema de deseducação esportiva. E nenhum aprendizado possível com o esporte é mais útil que o de ser ético e justo com o outro.

As maiores emissoras de TV precisam dar aos espectadores um pouco mais do que lhes é devido nos espetáculos esportivos.

PARA CADA LADO

É aconselhável não desconsiderar, por falta de comprovação imediata, que o caso criado pelo PSB de Eduardo Campos com Marina Silva, ao aderir à candidatura de Geraldo Alckmin, tenha sido proposital. Está forte na banda eduardista a convicção de que Marina Silva e o seu grupo da Rede representam mais ônus do que benefícios para o candidato do PSB, e conviria vê-los dissolver a associação.

A primeira reação de Marina Silva foi um recuo com docilidade incomum nela. Coerente com uma percepção de propósitos não propriamente eleitorais na adesão do PSB de Campos ao candidato do PSDB paulista, por ela repelido.

ESQUISITO

O recente Ibope reproduz a queda de três pontos percentuais indicada pelo Datafolha no índice de Dilma Rousseff. Inverte, pouco fora da margem de erro, o índice do Datafolha para Aécio Neves, atribuindo-lhe, em vez da perda de um ponto, mais dois. No índice de Eduardo Campos, porém, dá-se o espanto: o índice, além de ser positivo, sobe para o dobro do visto pelo Datafolha. Neste, há queda de Eduardo Campos de 11% para 7%, e no Ibope há subida de 11% para 13%.

Metade das sondagens deu-se nos mesmos dias. A esquisitice não diminui com a explicação de que os métodos de pesquisa são diferentes, porque, diferentes embora, se destinados a captar uma realidade deveriam apresentar, no mínimo, resultados coerentes e próximos.

Há algo, e não mais no velho reino da Dinamarca. Talvez o mesmo que houve na eleição passada.


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