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Denúncia contra ativistas no Rio foi baseada em um só depoimento

Homem detalhou à polícia como eram organizados os atos violentos e a função de 19 dos 23 réus

Até esta quarta (23), 18 dos denunciados estavam foragidos; Justiça concedeu habeas corpus ao grupo

CRISTINA GRILLO DIANA BRITO FABIO BRISOLLA DO RIO

O depoimento de uma testemunha que, segundo o inquérito policial, se apresentou por vontade própria à Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI) fundamentou a denúncia contra 23 ativistas acusados de associação para a prática de vários crimes em protestos no Rio.

Cinco deles estavam presos e 18 eram considerados foragidos, mas nesta quarta (23) a Justiça concedeu habeas corpus para todos.

No depoimento, em 13 de junho, a testemunha detalhou a organização dos atos, elencando cerca de 50 pessoas e fornecendo telefones de muitas delas. Dezenove dos 23 denunciados estão entre eles.

Alguns dos telefones já estavam grampeados, sob aval da Justiça, e outros entraram, então, no radar policial.

A Folha teve acesso a parte do inquérito, mas não publica o nome da testemunha, um homem, a seu pedido. Ele não foi o único a dar informações à polícia, mas sua fala foi a que mais forneceu elementos à denúncia aceita pela Justiça.

Ele contou que uma comissão formada por Elisa de Quadros Pinto Sanzi, a Sininho, Camila Rodrigues Jourdan, professora de filosofia, e Igor Mendes da Silva, do MEPR (Movimento Estudantil Popular Revolucionário), respondia por "ações de ataques variados, como queimar ônibus e outras ações com objetivo de causar terror e pânico".

Os três, disse, "incitavam os manifestantes a praticar atos de vandalismo". Ex-namorado de Sininho, Luiz Carlos Rendeiro Junior, o Game Over, é descrito como "capacho". "Inclusive praticava violência por ordens dela."

A testemunha procurou a delegacia dois dias após dez manifestantes serem levados para depor, Sininho entre eles.

Ativistas ouvidos pela Folha dizem que a testemunha se aproximou dos líderes do grupo após o ato de 17 de junho de 2013, que teve tentativa de invasão da Assembleia.

Afastou-se depois. A Folha apurou que ele teria começado a ser hostilizado após brigar com a então namorada, ativista ligada aos líderes.

O homem descreve com detalhes os grupos que, segundo ele, se uniram sob a sigla FIP (Frente Independente Popular) para agir nos protestos.

Diz que as organizações mais influentes são o MEPR e a OATL (Organização Anarquista Terra e Liberdade).

A OATL teria sido fundada por Filipe Proença, o "Ratão", um dos denunciados e integrante do Sepe (Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação), investigado sob suspeita de financiar atos.

Seus "mentores" seriam Proença e Camila Jourdan. Os integrantes, na maioria, professores da rede pública. O grupo incentivava depredações, enfrentamento, pichações e resistência, afirmou.

A OATL faria a ligação com os "black blocs", que, segundo a testemunha, "são jovens pouco interessados em questões político-ideológicas que cercam o cotidiano das manifestações. Porém, como se identificam como anarquistas, permitem serem guiados".

O advogado Marino D'Icarahy, que representa 12 ativistas, negou que o grupo seja uma quadrilha armada. Com os habeas corpus, disse, "vamos desmontar a farsa que se formou em torno desse caso".

Lucas Sada, do DDH (Instituto de Defensores de Direitos Humanos), ONG que representa cinco ativistas, afirmou que "não existe nenhum registro relevante" que aponte a associação criminosa.


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