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Análise

Candidatos falam em mudança, mas sem dizer o que alterar

GUSTAVO PATU DE BRASÍLIA

As principais estrelas do início do programa eleitoral subverteram a máxima irônica segundo a qual é preciso mudar para que tudo fique como está, do escritor italiano Giuseppe di Lampedusa.

Dilma Rousseff, com Lula, e Aécio Neves parecem postular que é preciso falar permanentemente em mudança, mas sem apontar nada de concreto a ser alterado.

Se o Datafolha mostra que três quartos dos eleitores querem medidas diferentes no próximo governo, resta à petista o malabarismo retórico de associar continuidade e transformação.

"O Brasil (...) não interrompeu o grande ciclo de mudanças que vinha desde o governo Lula", disse Dilma na TV, ao falar dos feitos dos últimos anos. Não por acaso, o site lançado por Lula com o mesmo objetivo se chama "O Brasil da Mudança".

A presidente-candidata atribui deficiências de seu mandato à crise internacional, que "reduziu um pouco o nosso ritmo de crescimento" --a queda foi de 4,6% ao ano, no governo anterior, para menos de 2%.

E, como na campanha passada, promete-se um "novo ciclo" de desenvolvimento.

Já Aécio, da coligação Muda Brasil, apresentou uma mensagem crítica à gestão de Dilma --mas não necessariamente às escolhas petistas que vêm desde Lula.

Para se vacinar contra a acusação de pretender cortar programas sociais para conter a inflação, adotou uma tese fácil e enganosa sobre a redução do gasto público.

"Tem outro jeito: gastar menos com o governo e mais com as pessoas", diz a propaganda do PSDB na TV.

A mensagem é fácil de defender, por associar a possibilidade de mais benefícios à população à redução do custo da máquina federal --com um ataque implícito ao aumento do número de ministérios, estatais e cargos promovido pelo PT.

E é enganosa porque a quase totalidade da escalada das despesas nos últimos anos está ligada à área social, ou, nas palavras do candidato, aos gastos "com as pessoas".

Gastos com programas universais de transferência de renda às famílias --sem contar o Bolsa Família-- saltaram de 6,7% para o equivalente a 9% Produto Interno Bruto de 2002 para 2013.

Já os gastos do governo "com o governo" não apresentam sinais visíveis de elevação no período. Encargos com pessoal ativo e inativo, por exemplo, caíram de 4,8% para 4,2% do PIB.


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