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Após denunciar extração ilegal, agricultor é morto em MT

Josias Paulino de Castro, líder do assentamento Filinto Müller, e a mulher, Ereni, foram assassinados a tiros; ele havia sido ameaçado

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Pouco mais de uma semana após denunciar extração ilegal de madeira, desvio de verbas e emissão irregular de títulos de terra, o agricultor Josias Paulino de Castro, 54, e sua mulher, Ereni da Silva Castro, 35, foram mortos em Mato Grosso. Eles foram achados em uma estrada em Guariba, zona rural de Colniza (a 1.065 km de Cuiabá).

Josias era presidente da Associação dos Produtores Rurais Nova União, do assentamento Projeto Filinto Müller.

Moradores acionaram a Polícia Civil no início da manhã do domingo (17) para indicar o local dos corpos.

O casal provavelmente andava de moto quando foi alvejado. Havia nove cápsulas de pistolas de 9 mm próximas aos corpos. Ereni estava de capacete e segurava uma máquina fotográfica, que foi atingida.

Segundo a Polícia Técnica do Estado, a Polícia Civil não solicitou a realização de uma perícia no local do crime.

Segundo Ademilson Silva, dono da funerária que preparou os corpos para o enterro e os levou para Rondônia, um médico-legista teria olhado rapidamente os corpos: "Como o serviço é muito precário, só deram uma olhada. A polícia olhou e liberou".

Segundo a Polícia Civil, Josias era conhecido na região por sua liderança no assentamento. O delegado Marco Remuzzi instaurou um inquérito. Testemunhas devem ser ouvidas nesta semana.

Em 5 de agosto, Josias participou de uma reunião no Instituto de Terras de Mato Grosso em Cuiabá. Ele reiterou suas denúncias ao ouvidor agrário nacional, Gercino José da Silva, sobre emissão ilegal de posse de terra por órgãos estaduais e presença de pistoleiros na região. O agricultor alertou que estava ameaçado de morte.

"Assim como Josias, também fui ameaçado. Aqui lutamos por justiça. A corrupção é muito grande", diz José Valdivino da Silva, 48, morador do assentamento há 12 anos. "Ele era meu parceiro de batalha na região", diz Silva. "Nós temos carimbo e assinatura dizendo que essa terra é para nos assentar."

Segundo Silva, o assentamento foi criado na década de 1980 com cerca de 917 mil hectares, hoje reduzidas a um terço desta área.

Em Mato Grosso, três pessoas já morreram neste ano em conflitos no campo, o mesmo número de todo o ano passado. Em nota, a Comissão Pastoral da Terra repudiou a violência.

Segundo a CPT, só em 20 dias de julho sete pessoas foram assassinadas. Neste ano, em todo o Brasil, 23 pessoas já foram mortas em disputas de terra.

A Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura lamentou as mortes e pediu uma reforma agrária ampla e massiva.


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