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Comissão da Verdade vai apurar ação de religiosos
Grupo investigará tanto colaboradores como perseguidos pela ditadura militar
Presidente do Conselho de Pastores de SP diz que apoio à repressão não foi posição oficial das igrejas no país
Padres, pastores e outros religiosos que colaboraram com a ditadura militar ou foram perseguidos por ela serão investigados pela Comissão Nacional da Verdade.
O levantamento sobre a atuação das igrejas católicas e evangélicas no período será feito por um novo grupo de trabalho, que tem a primeira reunião marcada para amanhã, em São Paulo, conforme informado ontem na coluna Mônica Bergamo, na Folha.
"Aqueles que resistiram são mais conhecidos do que os que colaboraram. É muito importante refazer essa história", disse o coordenador do grupo e membro da Comissão da Verdade Paulo Sérgio Pinheiro.
Pesquisadores usarão depoimentos, documentos, teses e arquivos de órgãos internacionais para apurar detalhadamente o papel das igrejas na ditadura. "O caso da Igreja Católica foi mais visível no apoio ao golpe de Estado, mas esse apoio rapidamente se transformou numa situação de crítica e de resistência", diz Pinheiro.
Os resultados das pesquisas vão compor um capítulo do relatório final da Comissão Nacional da Verdade. O texto apontará violações de direitos humanos e seus autores, mas o grupo não tem poder de punir. "Podemos indicar elementos de igreja trabalhando como informantes, mas não condená-los."
O presidente do Conselho de Pastores do Estado de São Paulo, bispo Carlos de Castro, lembra que religiosos colaboraram com o regime. "Houve pastores que inclusive trabalharam infiltrados, eram agentes do Dops". Mas ele nega que essa tenha sido a posição oficial das igrejas.
O arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, informou que aguardará manifestação da CNBB. A CNBB disse que não se pronunciará enquanto não souber como serão as investigações.
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