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Ribeirão

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Educação de adultos é baixa em 40 municípios da região

Nessas cidades, menos da metade dos maiores de 18 anos têm a 8ª série

Municípios com esse perfil são geralmente pequenos e rurais; no Estado de São Paulo, a média é de 63%

JULIANA COISSI DE RIBEIRÃO PRETO

José Ricardo de Almeida, 39, já perdeu oportunidades de melhorar o salário. Eunice de Souza, 37, precisa da ajuda dos filhos para tomar o ônibus certo na rua. Em comum, os dois moradores de Serra Azul têm o mesmo obstáculo: a baixa escolaridade.

Almeida cursou até a antiga 6ª série, quando abandonou a escola para ajudar a família na roça. Eunice não sabe ler. Como estudou apenas até a antiga 1ª série (do primário), só assina o nome.

Em uma das regiões mais ricas do Estado, 40 de 82 municípios da região de Ribeirão Preto têm menos da metade dos adultos com o ensino fundamental completo, ou seja, que terminaram a antiga 8ª série (hoje 9º ano).

Os dados constam no Atlas de Desenvolvimento Humano, divulgado pela ONU.

Se considerado o Estado, onde 62,91% dos adultos completaram o ensino fundamental, o quadro se agrava: só Ribeirão, Franca, São Carlos e Araraquara estão acima da média de São Paulo.

E os jovens que ingressam no mercado de trabalho não possuem melhor formação do que os seus pais. Em 43 cidades, menos da metade dos que têm entre 18 e 20 anos concluiu o ensino médio.

As cidades com a escolaridade mais baixa são, em geral, menores e rurais, com população que atua nas lavouras de cana, laranja e café.

Em São José da Bela Vista, de 8.075 habitantes, seis em cada dez adultos não possuem a antiga 8ª série.

Se não estão no campo, os moradores viajam diariamente para trabalhar nas fábricas de calçados de Franca. A prefeita Célia Ferracioli (PTB) diz tentar em sua gestão atrair empresas e criar cursos.

Em Serra Azul, as turmas para adultos que querem terminar os estudos começam, em média, com 30 ou 40 alunos, mas dez se formam.

A safra interfere na decisão de deixar a escola. "Eles trabalham o dia todo, estão cansados e desistem", diz a diretora do departamento de educação Maria Cristina Ramos.

FAMÍLIA SEM INSTRUÇÃO

Os turnos da usina afastam da escola o operador de máquinas José Ricardo de Almeida, 35. No ano passado, chegou a se matricular em uma turma. "Mas tem dia que trabalho à noite. Em outros, de dia. Desisti." Sua casa é o retrato da pouca instrução. Nenhum dos três irmãos chegou à 8ª série. A mãe e o padrasto, sequer à 4ª série.

Na mesma cidade, o pedreiro Márcio José da Silva, 33, abandonou a escola na 4ª série. "Tentei voltar a estudar no ano passado, mas parei. Hoje a construção civil está de bom tamanho para mim."


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