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Voluntários garantem produção de perucas para pacientes com câncer

Doações de cabelos são feitas até pelos Correios; cabeleireira produz gratuitamente o artefato

Pacientes enfrentam fila de espera para receber o produto com fios naturais no hospital de Barretos

JULIANA COISSI ENVIADA ESPECIAL A BARRETOS

A notícia mais devastadora para Joselice Rosa da Cruz, 62, quando recebeu o diagnóstico do câncer, há um ano, não foi a de que teria uma das mamas removida em cirurgia.

"O pior foi saber que meu cabelo ia cair", disse a cabeleireira de Três Lagoas (MS). Desde mocinha, mantinha fartos cabelos pretos encaracolados compridos, até a altura da metade das costas.

Há dois meses, quando a queda começou, procurou uma peruca de fios naturais no HC (Hospital de Câncer) de Barretos, onde se trata. Não conseguiu, mas usa por enquanto perucas sintéticas.

Como Joselice, pacientes com câncer inscrevem-se na fila crescente por empréstimo de perucas pelo HC para diminuir o desconforto com a mudança no visual.

Mas a demanda é muito maior do que a capacidade de ajuda. Por mês, cerca de 90 pessoas buscam o acessório no HC, referência para o tratamento de câncer no país.

E a conta não fecha: o hospital só consegue produzir duas ou três perucas por mês, de cabelos naturais. Todas são confeccionadas gratuitamente por só uma voluntária.

Quase não há estoque na sede da AVCC, a associação das voluntárias que apoiam pacientes em tratamento.

Mas isso não ocorre por falta de doações. Por dia chegam ao HC de três a quatro mechas de todo o país: de outras cidades paulistas e até do Nordeste. Detalhe: muitas são enviadas pelos Correios.

Os próprios pacientes são doadores. Foi o caso de Tamara Petita Mazotti, que fez questão de fazer a doação ao raspar a cabeça depois de descobrir a doença.

O primeiro obstáculo é o estado das mechas doadas. Muitas são curtas, de menos de 20 centímetros. Para uma peruca, é preciso o cabelo de três ou quatro pessoas.

Mas a maior carência, segundo a AVCC, é de novas pessoas que aprendam ou se disponham a confecciona-las. Há oito anos, o ato de oferecer perucas a pacientes só se tornou possível graças à cabeleireira Neuza Correa Longo, 66. Ela é a única que costura perucas de cabelos doados, um trabalho que leva pelo menos três horas.

OUTROS APOIOS

As perucas ajudam as mulheres a amenizarem a dor com o tratamento. Mas quando não há o acessório, psicólogos do HC buscam despertar nelas outras formas de preservar sua feminilidade.

Há incentivo para pacientes usarem mais maquiagem ou brincos e colares, por exemplo. "O cabelo é muito importante, mas ensinamos que outras partes do corpo podem ser valorizadas", diz a psicóloga Livia Maria Silva.


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