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Perigo no campo

Casos de raiva bovina crescem 159% neste ano, enquanto Estado vê cair o número de empregados no programa de combate à zoonose

CAMILA TURTELLI DE RIBEIRÃO PRETO

Em alta desde 2012, a raiva bovina, doença transmitida por morcegos, atingiu 83 animais em menos de quatro meses no Estado, o que representa praticamente seis casos por semana.

Enquanto isso, na contramão dessa alta, o programa que combate a zoonose, da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento, perde funcionários a cada ano.

As notificações feitas neste ano representam um crescimento de 159,3% em comparação com o mesmo período do ano passado, que confirmou apenas 32 casos.

A doença ataca principalmente o gado e não há cura conhecida. O animal infectado morre em poucos dias. Há a possibilidade de ser transmitida ao homem, embora não haja registros.

O pico ocorreu em 2012, com 211 casos em todo o ano, alta de 276,7% em relação a 2011. Mantida a média atual, o total será ultrapassado.

Desde o pico de crescimento da doença, a equipe que faz o trabalho de busca do morcego transmissor e dá orientações aos criadores foi reduzida em 68%. Até hoje, não houve reposições.

A secretaria de Estado confirma a situação e alega que a redução do efetivo aconteceu por conta de aposentadorias. A pasta, no entanto, não informou sobre a abertura de novos concursos.

A Defesa Agropecuária, órgão ligado à secretaria, informou que em 2010 eram 42 profissionais e, desde 2011, são 16. "O pessoal está se aposentando e não está havendo reposição", disse Paulo Fadil, coordenador do programa.

Além de matar o morcego, os profissionais orientam produtores rurais e prefeituras sobre a vacina que previne a raiva. Também comunicam à Defesa Agropecuária o surgimento de novos casos.

Com menos funcionários, há um controle menor de abrigos de morcegos, que geralmente ficam em grutas ou em imóveis abandonados, de difícil acesso.

A diminuição do trabalho do Estado é sentida pelos municípios, de acordo com Miguel Martins, diretor da Vigilância Epidemiológica de Descalvado, que teve surtos da doença em 2012 e 2013.

SEM NOTIFICAÇÃO

Ao menos 40 animais morreram na cidade com suspeita de raiva em 2012. Mas o número pode ser maior.

"Não são todos que entram nas estatísticas, porque só alguns vão para exame comprobatório", disse o chefe da Seção de Zoonoses da cidade, Bruno Franco de Lima.

O trabalhador rural Osmar Theodoro, 35, trabalha em uma propriedade perto de Descalvado, onde morreram 22 animais em 2012.

No final de 2013, o criador Antônio Rodrigues, 82, também da cidade, perdeu cinco bois, do seu rebanho de 20.

O município intensificou o trabalho de combate à doença. A prefeitura conta com três funcionários que fazem inspeções regulares em abrigos de morcegos.

Há também o auxílio de um funcionário do programa estadual que atua em toda a região de Araraquara. "Tememos ficar sem esse auxílio quando ele se aposentar", disse Martins. Descalvado teve um caso neste ano.

De janeiro a março de 2014 há registros em Campinas, Franca, Brotas, Patrocínio Paulista, Mococa, Casa Branca e Ribeirão Bonito, entre outras localidades.

Apesar do avanço, os casos são considerados poucos e, segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, não há prejuízo ao mercado agropecuário paulista.

Os pequenos criadores do Estado, no entanto, perdem com a morte dos animais.


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