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Ex-ator pornô vira pastor e publica livro

Após participar de cerca de 300 filmes, nove para o público homossexual, passou a trabalhar como recepcionista

Pastor, que já atuou com Rita Cadillac, diz que, após publicação, sonha com um filme sobre sua trajetória

GABRIELA YAMADA DA ENVIADA ESPECIAL A SÃO CARLOS

Júlio Vidal na juventude era visto como galã. Tinha uma conta bancária recheada e estava no auge da carreira de ator e diretor de filmes pornográficos quando deixou o mundo erótico para se tornar pastor evangélico e assumir o verdadeiro nome.

Até então, tudo o que Giuliano Ferreira, 35, havia conquistado --carros, casas e sucesso --era uma realidade muito diferente de sua infância pobre no bairro do Camargo Novo, em Itaim Paulista.

Foi após uma infecção generalizada, que começou com uma dor de dente e evoluiu para um coma induzido, que Ferreira disse ter vivenciado uma experiência espiritual, que chama de "contato com Deus". E virou pastor.

"A infecção tomou meus órgãos e estava avançando sobre o pulmão. Os médicos avisaram minha família de que minhas chances de sobreviver eram mínimas."

No quinto dia, afirmou que acordou sozinho e nenhum médico soube explicar o que aconteceu. Para ele, foi um "chamado".

Enquanto trabalhava com a indústria do sexo, Ferreira disse que tinha uma renda mensal média de R$ 9.000.

No currículo, cerca de 300 filmes eróticos, nove direcionados ao público homossexual, para quem adotou o nome de Juliano Ferraz.

A decisão de abandonar a carreira, de acordo com ele, lhe rendeu uma multa contratual. Havia assinado contrato com uma produtora norte-americana e estava morando na Hungria.

"Vendi tudo o que eu tinha para pagar [a multa]. Carros, casas, foram tudo embora", disse ele, cuja última atuação foi com Rita Cadillac no filme "A Primeira Vez" (2006).

Ferreira também atuou com as atrizes Márcia Imperator e Vivi Fernandes, conhecidas no mundo erótico.

Conseguiu um emprego em São Carlos numa recepção de hotel, com salário de R$ 900, ou 10% do que recebia.

ARREPENDIMENTO

"Tudo o que vivi vejo como experiências. Fiz porque me dava dinheiro, mas se voltasse no passado, não faria."

Após sair do coma, decidiu procurar uma igreja. Afirmou que se identificou com a Assembleia de Deus.

Se tornou membro ativo e, depois, passou a ser convidado por pastores para contar a sua história nos cultos.

A primeira vez ocorreu em Ribeirão Bonito, cidade vizinha a São Carlos, e, segundo ele, com o local lotado.

"Todo mundo queria saber quem era o ex-ator pornográfico que virou pastor", afirmou Ferreira, que atualmente arrasta fiéis em São Carlos, onde mora, e leva a sua história a outros cultos da igreja pelo país afora.

Diz defender a valorização da família e a fidelidade no casamento --casado e com dois filhos, afirmou condenar o sexo por prazer.

"A fornicação é considerada pecado pelo evangelho. Eu era um material, vendia o meu corpo", disse.

Hoje, sua renda vem da venda de produtos evangélicos. Como um "desabafo", escreveu o livro "Luz, Câmera, Ação e Transformação" (editora Semeando), sobre a sua trajetória. Diz que sonha agora em ter a sua história contada em um filme --mas que quer ver somente como espectador.


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