Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria
Milionários da arena
Peões que participam da Festa do Peão de Barretos já ganharam até R$ 10 milhões em prêmios em suas carreiras nos rodeios
Eles têm em comum a origem humilde, sempre ligada ao campo, são campeões no que fazem e moram alguns meses do ano nos EUA.
Três entre os principais competidores de montarias em touros da Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos, que começou na última quinta-feira (21) e vai até o dia 31, têm outro ponto em comum: a gorda conta bancária.
Entre uma oração, uma selfie com algum fã e a concentração antes de entrar no estádio de rodeios para encarar touros que chegam a pesar uma tonelada, a Folha conversou com os peões, que se destacam no ranking da PBR no Brasil e nos EUA.
A PBR (Professional Bull Riders), surgida nos anos 90, é o principal evento de montarias em touros nos EUA e, na última década, criou um circuito no Brasil, cuja final é disputada em Barretos.
Silvano Alves, 26, já ganhou cerca de R$ 10 milhões na carreira. De Pilar do Sul, na região de Sorocaba, o peão é um dos competidores mais premiados no mundo.
O que faz com o dinheiro? Investe em imóveis --casas, apartamento, sítios e fazendas. "É minha família que cuida de tudo", afirmou. Silvano não sabe ainda quanto vai ganhar, mas projeta competir por mais dez anos.
Já o peão João Ricardo Vieira da Silva, 30, que começou a montar aos 20, somou pouco mais de R$ 1,5 milhão em prêmios. Formado em zootecnia, pensa em atuar na área depois que parar de montar, daqui uns cinco anos.
Silva também investe em imóveis --seis, todos no Mato Grosso do Sul. "Dá mais segurança. Já estou pensando no futuro para quando deixar de ser peão. Depois quero montar algo na minha área, uma agropecuária talvez", afirmou o competidor.
Para ele, o Brasil conta com os melhores peões do mundo. "Foi o americano quem inventou o rodeio, mas é o brasileiro que se dá melhor. O país é um celeiro de grandes peões. Há muitas revelações todos os anos", disse.
Peões brasileiros conquistaram oito dos 20 campeonatos da PBR nos EUA --quatro deles nos últimos seis anos.
Com 27 anos, Emilio Rezende também já faturou aproximadamente R$ 1,5 milhão em prêmios na carreira.
Em Santa Helena de Goiás, onde tem família, ele possui quatro casas, um restaurante e uma loja country.
Assim como Silvano e João Ricardo, o peão goiano afirmou à reportagem que nunca imaginou que ganharia tanto dinheiro com rodeio.
"Só queria ser um peão de sucesso, que ganhasse títulos. Nunca pensei em ter tudo isso. Foi consequência do trabalho e aproveito para investir e garantir o meu futuro", afirmou.
Neste ano, a premiação em Barretos vai atingir, no mínimo, R$ 375 mil somente nas montarias em touros, o que pode encher ainda mais o bolso dos peões já consagrados, ou iniciar a caminhada de mais um novo milionário na categoria.
