Folha de S.Paulo

Justiça manda polícia apurar carta anônima contra um juiz de Franca

DE RIBEIRÃO PRETO

O TJ (Tribunal de Justiça) de São Paulo determinou que a Polícia Civil de Franca investigue a autoria de uma suposta carta anônima que faz críticas ao juiz da cidade José Rodrigues Arimatéa.

A carta com denúncias anônimas contra o magistrado foi enviada ao promotor Paulo Cesar Borges, de Franca, no final do ano passado.

Entre as suspeitas, a correspondência fala de um suposto nepotismo envolvendo um funcionário de Arimatéa.

O vazamento da carta anônima -ocorrido no primeiro semestre deste ano- tornou pública a briga entre o magistrado e o promotor.

De acordo com o que o juiz afirmou em um relatório de investigação interna, o promotor teria sido visto postando uma correspondência em uma agência dos Correios na mesma data que aparecia no carimbo da carta com a denúncia anônima.

Borges, por sua vez, defendeu-se na época, dizendo que foi aos Correios retirar documentos dos filhos.

Questionado em abril pela reportagem, o juiz não disse à Folha como ele tinha certeza de que a carta foi postada no horário no guichê apontado no relatório.

ARQUIVAMENTO

No acórdão do TJ, o relator Antonio Carlos Malheiros pede o arquivamento das acusações contra o juiz.

Afirmou ainda na decisão ter lhe causado "perplexidade" a presença do promotor de Franca na agência dos Correios "no local e na hora da postagem da mencionada carta anônima".

A Secretaria de Estado da Segurança Pública informou que a Polícia Civil de Franca ainda não havia sido notificada da decisão.

A reportagem tentou ouvir Arimatéa, mas a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça informou por e-mail que "o magistrado é impedido por lei de falar sobre o processo em andamento".

A Folha também procurou o Ministério Público Estadual para tentar ouvir o promotor. De acordo com a assessoria de imprensa do órgão, Borges estava em viagem ao exterior e deve retornar nesta semana.