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Reclamações na região contra a Polícia Civil e a PM crescem 30%
Sindicato dos policiais e associação de delegados criticam a política de 'reengenharia' do Estado
Ouvidoria diz que o aumento ocorreu porque o serviço oferecido à população pelo órgão melhorou
Edson Silva/Folhapress |
Jorge Bistane Júnior, que afirma ter esperado duas horas para ser atendido no 7º DP |
DE RIBEIRÃO PRETO
As reclamações contra as polícias Civil e Militar na região de Ribeirão Preto cresceram 30,3% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2011.
Os dados, registrados pela Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo, são referentes ao Deinter-3 (Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo Interior - região 3) da Polícia Civil e ao CPI-3 (Comando de Policiamento do Interior - região 3) da PM.
Parte desse aumento foi impulsionado pelo atendimento policial, nos itens solicitação de policiamento, má qualidade no atendimento, comunicação de crime e morosidade nas investigações.
Nessas categorias, o crescimento de reclamações foi de 14,3% (veja quadro nesta página). O aumento coincide com a política de "reengenharia" adotada pela Secretaria da Segurança Pública de São Paulo -impulsionada na região a partir deste ano.
A estratégia administrativa, que consiste na realocação de pessoal das unidades e delegacias em função da demanda de atendimento, é criticada pelo Sindpol (Sindicato dos Policiais Civis) e pela ADPESP (associação dos delegados do Estado).
Embora não falem sobre os números da Ouvidoria, eles veem relação entre os problemas nas delegacias e a política adotada pelo governo.
Além disso, o Estado tem passado por uma onda de violência neste ano -Ribeirão já tem recorde de homicídios.
Luiz Gonzaga Dantas, 65, ouvidor da Polícia do Estado, afirma, porém, que o aumento registrado no período é um reflexo do reconhecimento da população em relação ao serviço do órgão.
RODÍZIO
Representantes dos Consegs (Conselhos Comunitários de Segurança), do Sindpol e da ADPESP apontam falta de efetivo adequado, principalmente nas delegacias.
Eles criticam o rodízio de escrivães e delegados, que se revezam entre as delegacias.
Para eles, isso atrapalha o atendimento ao público. Ontem, por exemplo, o engenheiro civil Jorge Bistane Júnior, 55, aguardou duas horas no 7º DP, em Bonfim Paulista, distrito de Ribeirão, para prestar depoimento.
O músico Paulo Roberto Magalhães, 52, enfrentou o mesmo problema. De acordo com ele, durante o período de espera outras duas pessoas que aguardavam para registrar boletim de ocorrência acabaram desistindo e foram embora. "Em outras delegacias enfrentei a mesma demora [90 minutos]."
O presidente do Sindpol, Eumauri Lúcio da Mata, 63, afirma que a política de "reengenharia" é um reflexo da falta de efetivo. Segundo ele, a maior parte das delegacias perdeu mais da metade do efetivo nos últimos 12 anos.
"O 1º DP, por exemplo, tinha 17 investigadores em 2000. Atualmente, a equipe é formada por cerca de seis."