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Ribeirão 'esconde' casos de dengue de 2013
Informações sobre a doença, que em 2010 eram divulgadas diariamente, ainda não foram liberadas neste ano
Apesar do silêncio da prefeitura, já há casos de internações de pacientes que tiveram dengue em janeiro
Diferentemente da posição de outros municípios da região e até mesmo da que era adotada pelo governo Dárcy Vera (PSD) em anos anteriores, a Prefeitura de Ribeirão Preto ainda não divulgou nenhum número sobre casos de dengue em 2013.
Apesar do silêncio do governo, a Folha apurou que já existem casos até de pacientes que precisaram de internação hospitalar em razão da doença neste ano.
A prefeitura nega que esteja "escondendo" informações (leia texto ao lado).
Questionado sobre a situação da dengue, o secretário da Saúde de Ribeirão, Stênio Miranda, disse por e-mail na última sexta que "em Ribeirão não há casos graves, não há pacientes internados por dengue e não há óbitos".
Ele também disse que nos últimos quatro anos não houve divulgação de boletins diários sobre a dengue.
No entanto, em 2010, a Secretaria da Saúde de Ribeirão mantinha um sistema on-line que permitia a consulta diária de dados sobre a dengue.
Em 2011, os dados passaram a ser divulgados quinzenalmente e, no ano passado, todo mês, até novembro -quando foi divulgado o último relatório de casos.
Ao contrário do que disse o secretário, também há casos de internações por dengue neste ano em Ribeirão.
Segundo o médico Carlos Eduardo Soares Medeiros, que atua no Hospital Santa Lydia -gerido pela prefeitura-, no local a média tem sido de uma internação por semana por causa da dengue.
Ele foi um dos médicos que atenderam Doracy Alves da Silva, 48, diagnosticada com dengue. Ela ficou internada entre os dias 26 e 31 após febre, dores no estômago, no corpo e moleza. "A gente precisa saber quais são os bairros mais atingidos", disse ela, que já está em casa.
Procurada ontem, a Unimed 24 horas informou que registrou oito casos confirmados de dengue em janeiro e está com uma média diária de 20 notificações, segundo o diretor Roberto Nakao.
O infectologista do Hospital das Clínicas, Benedito Antônio Lopes da Fonseca, disse que o laboratório do HC recebe da Vigilância Epidemiológica uma média de 25 amostras para análise por semana.
"A maioria das confirmações de dengue é do tipo 4, que está em todos os bairros."
DADOS ABERTOS
Na região, as prefeituras de Barretos, Ituverava e Miguelópolis, que vivem epidemias da doença, têm divulgado boletins com periodicidade.
Mesmo em Araraquara e São Carlos, onde o número de doentes é menor, as prefeituras têm informado os cidadãos-as cidades têm 19 e 2 casos confirmados, respectivamente.
Especialistas dizem que é importante ter transparência. O presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, Marcelo Simão Ferreira, diz que a divulgação deve ser "obrigatória" para que os moradores saibam da situação.
O coordenador do núcleo de medicina tropical da Universidade Federal do Ceará e consultor da OMS (Organização Mundial da Saúde), Ivo Castelo Branco Coelho, disse que as pessoas ampliam os cuidados quando sabem o que se passa. "Até os médicos orientam melhor."
Já o infectologista Francisco Aoki diz que o fato de uma cidade não divulgar as informações não significa que a situação não esteja em ordem.
