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Promotor vê ato obsceno de aluno em trote
Ministério Público quer que polícia apure nudez de estudantes durante o desfile de calouras que ocorreu na USP-São Carlos
Se julgados culpados, pena de estudantes pode ser convertida em entrega de cesta básica ou prestação de serviço
O Ministério Público Estadual de São Carlos pediu à Polícia Civil que instaure um termo circunstanciado para apurar o suposto crime de ato obsceno durante desfile de calouras em trote da USP (Universidade de São Paulo).
Como a Folha publicou na sexta-feira, dois alunos chegaram a ficar nus e, segundo um grupo de feministas, outros jogaram cerveja nelas e simularam sexo para ironizar um protesto contra o "Miss Bixete", na última terça.
O pedido, do promotor criminal Marcelo Mizuno, foi encaminhado na sexta. Segundo o delegado-assistente da Delegacia Seccional Rogério Fakhany Vita, por ser um crime de menor potencial ofensivo, se considerados culpados, a punição dos alunos que ficaram nus provavelmente será revertida em entrega de cesta básica e prestação de serviço ao público.
Ontem, a Secretaria de Políticas para as Mulheres, órgão da Presidência da República, publicou nota em que manifestou "repúdio" ao ato.
Na nota, a secretaria diz que expressa "seu apoio às feministas e manifestantes agredidos no episódio" e que "repudia atos como esse, ainda mais pelo fato de terem ocorrido no espaço de uma universidade".
A reportagem tentou, ontem, ouvir o presidente do conselho gestor do campus, José Carlos Maldonado.
Uma nota da assessoria de imprensa do campus enviada no começo da noite dizia que o conselho não falaria.
Também divulgaram nota ontem integrantes do GAP (Grupo de Apoio à Putaria), que organiza o "Miss Bixete". O evento ocorre há pelo menos dez anos no campus, no centro de convivência, no Caaso (centro acadêmico).
'VONTADE PRÓPRIA'
Na nota, o GAP diz que nenhuma estudante é obrigada a participar, e que, ao contrário do que disseram as feministas, "não existem 'brincadeiras pejorativas' durante o evento e muito menos desrespeito à mulher".
"O que existe, sim, é a valorização da mulher, que concorda por vontade própria em participar", diz a nota.
O GAP também disse lamentar que alunos tenham ficado nus e que esses atos "foram gerados por provocações mútuas" entre manifestantes e alunos que curtiam o evento e "perderam a cabeça".