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Detecção de HIV em teste nacional é falha

Exame NAT feito antes de transfusão tem problema para flagrar o vírus, dizem especialistas

Ayrton Vignola - 25.fev.2005/Folhapress
Bolsa de sangue do tipo O positivo em instituição de SP
Bolsa de sangue do tipo O positivo em instituição de SP
CLÁUDIA COLLUCCI ENVIADA ESPECIAL AO RIO

Atrasado na sua implantação há dez anos, o teste de sangue fabricado pelo governo brasileiro (NAT) e já utilizado no SUS para a detecção precoce do vírus HIV e da hepatite C tem falhas, segundo hematologistas brasileiros.

O teste NAT (ácido nucleico) reconhece o material genético do vírus e detecta a sua presença mais cedo no organismo do que o convencional (Elisa). O nacional é feito pelo instituto Bio-Manguinhos, da Fiocruz. Os comerciais são da Roche e da Novartis.

O alerta foi feito durante congresso da ABHH (Sociedade Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular). Os médicos devem pedir que o Ministério da Saúde interrompa a distribuição do teste nacional NAT até que as falhas sejam corrigidas.

Segundo Dante Langhi Junior, diretor da ABHH e médico do hemocentro da Santa Casa de São Paulo, vários serviços relataram problemas. "A gente testa com o Elisa e dá positivo [para Aids ou hepatite], depois testa com o NAT do governo e dá negativo. Volta a testar a mesma amostra com o NAT comercial e dá positivo. O teste do governo não garante a segurança a que ele se propõe."

Não há notícias, porém, de que tenha havido contaminação por conta dessas falhas.

Em 12 amostras de sangue testadas pelo Hemocentro de Ribeirão Preto, ligado à USP, o NAT nacional não detectou o HIV em oito delas. "Ele falha numa grande proporção dos casos", diz o diretor Dimas Tadeu Costa.

Segundo ele, a sensibilidade do teste é estimada em 30 partículas virais. Mas o NAT nacional só conseguiu perceber a presença do HIV quando havia 500 partículas. "Isso é que faz a diferença na janela imunológica. Quanto menos vírus se consegue detectar, maior é a segurança da transfusão." Ele decidiu não usar mais o NAT nacional.

"Não existe transfusão com risco zero. Mas, se temos testes que comprovadamente minimizam os riscos de transmissão de doenças, temos obrigação legal de utilizá-los", afirma Langhi Junior.

Na opinião de José Augusto Barreto, superintendente da Colsan (Associação Beneficiente de Coleta de Sangue), o ministério se precipitou em incluir o teste na rotina.

OUTRO LADO

Durante o congresso, o coordenador da área de sangue e hemoderivados do Ministério da Saúde, Guilherme Genovez, disse que o teste está em fase de desenvolvimento e que os problemas são "totalmente solucionáveis".

"Temos soluções tecnológicas e ajustes, mas nenhum problema que invalide o teste", afirmou. Ele garantiu ainda que esses ajustes acontecerão até a publicação da portaria, que tornará o teste obrigatório, prevista para sair até o final do mês.


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