Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria
Um ano depois...
...ícones do financiamento coletivo chegam aos consumidores; veja o que deu certo e o que deu errado
Um pequeno empreendedor tem uma grande ideia e pede dinheiro no Kickstarter, site de financiamento coletivo, para viabilizá-la.
O projeto é abraçado pelo público e pela imprensa. Milhares de pessoas contribuem com variadas quantias e, em pouco tempo, atinge-se o valor almejado --às vezes, até duas, três, dez vezes mais.
Final perfeito?
Não necessariamente, como mostram as sagas das duas maiores vedetes de tecnologia do Kickstarter, o relógio inteligente Pebble e o console de videogame Ouya.
Nas últimas semanas, as primeiras unidades dos dois produtos, recordistas de arrecadação, começaram a chegar para seus apoiadores.
Lançado em 11 de abril de 2012, o projeto do Pebble pediu US$ 100 mil e levantou mais de US$ 10 milhões. A empresa esperava produzir mil relógios. Foram encomendadas mais de 85 mil unidades.
A previsão inicial de entrega do Pebble era setembro do ano passado, mas só em janeiro deste ano a empresa conseguiu enviar as primeiras unidades --menos de 500.
Mais relógios foram enviados aos poucos nas semanas seguintes, e a remessa final, com 55 mil unidades, só saiu na terça-feira passada.
O Ouya, outro recordista --pediu US$ 950 mil e levou US$ 8,6 milhões em 10 de julho do ano passado--, não chegou a sofrer com atrasos, mas, diferentemente do Pebble, bem recebido pela imprensa especializada, foi trucidado pela crítica.
"O controle precisa de ajustes, a interface é uma zona, e eu mencionei que não há nada para fazer com o negócio?", escreveu o site "The Verge".
A empresa alega que o software das primeiras unidades enviadas para os financiadores ainda não está pronto, e que a versão final, nas lojas a partir de 4 de junho, resolverá os problemas.
Desde a sua fundação, em 2009, o Kickstarter, principal site do ramo, já abrigou 94 mil projetos, que levantaram US$ 564 milhões. Só 44% atingiram a meta financeira.
A Metamáquina, impressora 3D viabilizada em março do ano passado pelo Catarse, site brasileiro similar ao Kickstarter, também teve atrasos, mas a empresa conseguiu entregar as máquinas e já vende uma segunda versão.
"Esses problemas não têm nada a ver com o financiamento colaborativo, mas com o fato de as empresas serem novas, sem experiência", afirma Filipe Moura, 30, um dos três criadores da Metamáquina, que pediu R$ 23 mil e arrecadou R$ 30 mil.
Ele diz que levantar o dinheiro foi a parte mais fácil. "Tocar a empresa e fazer o negócio entrar nos eixos é muito mais complicado."
-
Pebble
Entrega de relógio que se conecta a smartphones atrasou
Ouya
Console de videogame que custa US$ 99 foi mal avaliado pela crítica
Björk
A cantora pediu dinheiro para apps de Windows 8 e Android, mas falhou
Almond+
Roteador com touchscreen foi financiado no Kickstarter
'Inocente'
Documentário financiado no Kickstarter ganhou Oscar neste ano
Teclado e mouse multitoque
Viabilizaram-se no início de 2012, mas não estão prontos