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Futuro do Ginga na TV depende das emissoras
Plataforma interativa é subutilizada por canais
A partir de 2014, 90% dos televisores produzidos na Zona Franca de Manaus deverão incluir o Ginga, plataforma de interatividade do sistema brasileiro de TV digital. Mas, segundo especialistas, essa obrigatoriedade não garante seu sucesso, que também depende dos canais de TV.
"As emissoras estão utilizando o Ginga e produzindo para ele", afirma Valdecir Becker, professor da Faap e da Anhembi Morumbi com experiência em pesquisa para TV digital. Mas o conteúdo atual é simples demais em relação ao que a tecnologia oferece.
Segundo Aguinaldo Boquimpani, que participou da normatização do sistema, os canais "não têm ideia, por exemplo, de que poderia haver aplicações Ginga similares ao Netflix, ao Now, da Net, ou ao Muu, da Globosat".
Assessor da Secretaria de Telecomunicações do Ministério das Comunicações, Flávio Lenz defende que as emissoras divulguem mais o sistema, mas acredita que o mercado em torno do Ginga evoluirá, levando ao surgimento de aplicativos de sucesso. "É natural que o começo seja um pouco tímido", diz.
SEGUNDA TELA
Becker não é tão otimista. Ele acha que o uso do Ginga pelas emissoras crescerá, mas de uma maneira limitada. "Há outras tecnologias muito melhores para a interatividade, mais acessíveis e fáceis de usar." Para ele, "a interatividade está acontecendo de fato via segunda tela", ou seja, por meio de dispositivos móveis.
"Eu apoiaria uma revisão para modernizar o sistema", diz Eduardo Brandini, vice-presidente de conteúdo da TV Cultura, que tem investido separadamente no Ginga e em aplicações para a segunda tela. "Hoje o telespectador que quer interação [com a TV] já está com outra tela na mão, e a experiência dele é melhor com essa segunda tela."
"O Ginga tem [suporte a] segunda tela desde 2007", defende um dos criadores da plataforma, Luiz Fernando Gomes Soares, da PUC-Rio. "A segunda tela que está aí não é sincronizada, é a pior possível. Com o Ginga você consegue fazer muito mais."
É nisso que aposta a Totvs, que tem investido na plataforma. David Britto, diretor de TV digital da empresa, acredita que é com a segunda tela que "o Ginga vai ganhar popularidade".