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Para elas, games não mostram retratos diversos da mulher

Cultura sexista e predominância masculina na indústria contribuem para isso, diz consultora do setor

Estúdios começam a criar personagens femininas diferentes, mas iniciativas ainda são poucas

ANDERSON LEONARDO DE SÃO PAULO

Stary faz parte de uma comunidade crescente --e ainda vítima de preconceitos-- no mundo dos jogos eletrônicos: a de meninas gamers.

Estudos realizados no ano passado mostram que as mulheres já respondem por quase metade da população de jogadores em mercados como EUA, Reino Unido e Brasil.

Mesmo assim, os estúdios continuam destinando grande parte de seus títulos para os homens, colocando garotas em segundo plano e caracterizando-as a partir de um olhar machista.

Na visão do mercado, essa é uma lógica que traz poucos riscos e, consequentemente, uma receita maior, como indicou o diretor-executivo da EEDAR (Electronic Entertainment Design and Research) Geoffrey Zatkin em entrevista ao site "The Penny Arcade Report", em novembro.

Ainda em sua pesquisa sobre gêneros, a EEDAR revelou que jogos eletrônicos vendem 75% mais quando possuem só protagonistas masculinos. Mas o marketing também conta. Games estrelados exclusivamente por mulheres recebem apenas metade da verba que os outros têm para divulgação na mídia.

Segundo jogadoras e estudiosas, esse cenário é reflexo de um comportamento machista e da predominância funcionários homens na indústria dos videogames.

"As pessoas dizem que os jogos não são realistas, mas, em geral, eles mostram o lugar da mulher na nossa sociedade", diz Mattie Brice, 26, consultora e crítica de videogames em San Francisco.

A paulistana Maíra Testa, 24, é designer de jogos e, nas empresas pelas quais passou, o sexo oposto compunha sempre a maioria.

"Já trabalhei com muitas garotas no setor de design. Mas em programação, por exemplo, quase não há não mulheres", relata. "[Essa área de games] é um meio muito masculino ainda."

MUDANÇAS

Apesar da perspectiva negativa, existe um consenso de que a situação está começando a mudar, mesmo devagar.

Jogos como "Mirror's Edge" e o novo "Tomb Raider" colocam a mulher no papel principal e são mais realistas.

O blogueiro de games Carlos Viana, 27, é a favor dessa evolução: "Existem, sim, jogos apelativos. Infelizmente, a maioria dos estúdios quer dinheiro, e mulheres em trajes vulgares são rentáveis."

"O videogame precisa ser uma mídia inclusiva", diz Ivelise Fortim, professora de psicologia da PUC-SP e pesquisadora do tema. "Ele tem que espelhar a diversidade que existe na vida cotidiana."


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