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França X Ásia

Chegada de redes de Hong Kong e de Cingapura colocam hotéis da capital francesa em alerta

ADAM THOMSON DO "FINANCIAL TIMES", EM PARIS

O edifício do começo do século 20 que fica na esquina das avenidas Kléber e des Portugais, em Paris, sofreu inúmeras transformações desde que foi inaugurado como hotel Majestic, em 1908.

Ele foi sede do Ministério da Defesa francês e, depois, quartel-general do comando alemão em Paris na Segunda Guerra Mundial.

Se você passar hoje por sua entrada e pelo pórtico de vidro e dois imensos leões chineses ladeando os degraus da escada, estará vendo os sinais de que o hotel acaba de passar por uma transformação.

Em agosto, ele foi reaberto como Peninsula Paris, a primeira unidade da cadeia de Hong Kong aberta na Europa. Com investimento de quase € 800 milhões (R$ 2,3 bilhões), é um dos maiores projetos de hotelaria já empreendidos na capital francesa.

Mas o novo hotel não está sozinho. Dois outros empreendimentos cinco-estrelas foram inaugurados, de 2010 para cá. O Mandarin Oriental tem suítes com vista para um luxuriante pátio central, por € 925 (R$ 2.700).

No 16º arrondissement, os hóspedes podem relaxar no Shangri-La Hotel, que já serviu de lar ao sobrinho-neto de Napoleão Bonaparte e tem a melhor piscina entre as casas cinco-estrelas de Paris.

O que todos esses hotéis têm em comum, além das raízes asiáticas, são as instalações modernas que uma nova classe de turistas, de altíssimo patrimônio --muitos vindos de economias emergentes como China e Brasil--, costumava buscar junto à velha guarda de hotéis parisienses.

A nova presença asiática na cena hoteleira de Paris causou tremores a alguns dos mais famosos nomes no setor.

Para a maioria dessas casas, a chegada dos rivais serviu como alerta, forçando-as a realizar altos investimentos e a ingressar em uma corrida para transformar, por exemplo, academias em spas.

Este ano, o Bristol concluiu uma reforma de seis anos para adaptá-lo aos muito ricos. O Ritz, que fechou em 2012 para uma mudança de € 140 milhões (R$ 407 milhões), mais ou menos um ano depois que o Shangri-La e o Mandarin Oriental chegaram a Paris, só reabrirá em 2015, mesmo ano em que o Hôtel de Crillon deve voltar a funcionar.

O Plaza Athénée acaba de ser reinaugurado depois de dez meses e € 200 milhões (R$ 580 milhões). François Delahaye, diretor-geral do hotel, diz que a decisão mais importante foi a de manter os 550 funcionários. "Não quis permitir que os demais hotéis os contratassem."

O NOVO E O VELHO

Assim, que cara tem o novo e mais competitivo cenário da hotelaria parisiense? Hospedei-me em dois dos hotéis --um novo e um velho-- para descobrir.

Da nova onda, fiquei no Peninsula, onde o estilo fica a meio caminho entre o art déco e a moderna funcionalidade empresarial. Todos os complementos são de bom gosto, mas sóbrios. Exceto o secador de unhas embutido na parede do closet de cada quarto, a sensação é predominantemente masculina.

Mas quando você começa a pensar que o quarto é só uma caixa, duas coisas o levam a mudar de ideia. A primeira é o banheiro oval em mármore. Se somarmos a isso um televisor protegido contra respingos, um console com tela de toque para controlar as luzes e um assento de vaso sanitário em estilo asiático, fica difícil querer sair.

O segundo trunfo é um tablet que permite que o hóspede controle tudo.

O Plaza Athénée de muitas maneiras é a antítese do Peninsula. As paredes com painéis de carvalho no bar do Peninsula e os detalhes em gesso de seu saguão e salão de baile servem como exemplo. Mas enquanto a escala grandiosa do Peninsula impressiona, o Plaza Athénée, com seus clássicos toldos vermelhos e floreiras, seduz.

Do saguão com piso de mármore aos múltiplos espelhos, o hotel de 103 anos é rebuscado.

Os raros esforços do Plaza Athénée para se acomodar ao século 21 são pouco mais que superficiais: ligar o televisor de tela plana na suíte real requer algum esforço; o elevador, novo, range.

A razão irresistível para visitar o térreo do Plaza Athénée é o suntuoso restaurante de Alain Ducasse.

É tentador pensar que a perfeição hoteleira seria o filho ilegítimo de um encontro entre o Plaza Athénée e o Peninsula. Mas já que isso é impossível, é no mínimo reconfortante saber que, com o advento dos grupos hoteleiros asiáticos e a resposta dos rivais locais, Paris hoje tem ainda mais a oferecer aos viajantes internacionais de luxo.


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