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Caçadores e suas águias estrelam festival
Uma tradição de séculos entre cazaques, caça que usa aves de rapina está mais viva e preservada na Mongólia
Competidores usam roupas adornadas e casacos feitos de pele de raposa, a vítima principal das águias caçadoras
Todo mês de outubro, a cidade de Olgii sedia um dos eventos mais celebrados da Mongólia, o Festival da Águia. Com dois dias de duração, reúne dezenas de caçadores, que viajam até 180 km a cavalo com a enorme ave equilibrada no braço para participar da competição.
O trio formado por águia, cavalo e homem disputa duas provas. Na primeira, a ave é solta no alto de uma montanha e tem de pousar no braço do seu dono.
O segundo desafio, mais difícil, simula uma caçada: novamente, a águia é solta, mas dessa vez tem de agarrar uma pele de raposa arrastada pelo cavalo do seu dono. Em ambas as provas, ganha quem for mais rápido.
Os caçadores chamam tanto ou mais atenção do que as águias. Neste ano, havia 47 inscritos, com idades variando entre 20 e 80 anos. Imponentes, cavalgam em marcha acelerada e trajam roupas ricamente adornadas.
Vários usam vistosos casacos feitos com peles de raposa, principal vítima das águias caçadoras. Para viajar com a ave, apoiam o braço num pedaço de pau encaixado na sela do cavalo e cobrem os olhos dela com um capuz.
O uso dessas aves para caça é uma tradição de séculos entre os cazaques e está mais preservada na Mongólia do que no próprio Cazaquistão. A espécie usada é a águia dourada, cuja envergadura da asa pode chegar a 2,2 m. Sua principal arma são as garras, que matam a presa instantaneamente.
Há também outras competições envolvendo cavalos, de igual beleza plástica. Numa delas, o cavaleiro tem de se inclinar e agarrar um pedaço de pano vermelho no chão enquanto se equilibra no animal a galope.
Paralelamente às provas, também é possível alugar cavalos e camelos para passear e comprar o belo artesanato cazaque.
O festival, que tem data móvel entre as primeiras semanas de outubro, é realizado a 8 km do centro, num descampado próximo a uma cordilheira. A organização, amadora, se resume a um caminhão de som para juízes e narradores e a pedras alinhadas no chão, demarcando o local das provas.
O prêmio ao vencedor, de apenas 200 mil tugriks (R$ 290), foi uma doação da embaixada turca.
Apesar de famoso, o festival, realizado neste ano sob um frio próximo de 0° C, atrai poucos turistas -havia apenas algumas dezenas, principalmente europeus. (FABIANO MAISONNAVE)
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