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Parque abriga belezas em região isolada

Na vasta área quase despovoada do Altai Tavan Bogd, o frio vai de outubro a maio e alcança facilmente os -40°C

Falta de infraestrutura significa pernoite no chão em tendas típicas, ao lado de família de cazaques nômades

DO ENVIADO ESPECIAL AO NOROESTE DA MONGÓLIA

Em meio à montanha coberta de neve, Michel, o estoico motorista cazaque da excursão de três turistas, para a minivan de fabricação soviética e caminha até o lugar mais alto. É a manhã do terceiro dia no parque nacional Altai Tavan Bogd, uma imensa área quase despovoada entre a Sibéria russa e a semiárida região de Xinjiang, na China. Nós estamos perdidos.

Foram mais alguns quilômetros sobre a neve até que Michel, que não fala uma palavra de inglês, localiza um ger, a típica tenda que serve de moradia às poucas famílias da região, todas nômades. Uma breve conversa e partimos novamente no rumo indicado.

Não era a primeira nem seria a última vez que Michel se perderia, apesar dos mais de 50 anos na região. A cerca de 2.000 km da capital, Ulan Bator, a região do Altai é uma das mais isoladas do país.

Mas o esforço para chegar lá é recompensado por um cenário espetacular de picos nevados, glaciares, lagos, riachos e vales, que podem ser percorridos em passeios a cavalo, camelo ou "trekking".

No lado cultural, o parque oferece a maior coleção de pintura rupestre da Ásia e a chance de conviver com famílias nômades cazaques e suas águias caçadoras.

Outro atrativo do Altai -e da Mongólia em geral- é a sensação de isolamento em meio a dezenas de montanhas e pradarias desabitadas. Com uma área de 1,5 milhões de km² para uma população de 2,8 milhões, o país tem a menor densidade demográfica do mundo.

O responsável pela pouca população é o clima rigoroso. No Altai, o frio vai de outubro a maio e pode chegar facilmente a -40°C. O acesso é feito a partir de Olgii, a três horas de avião de Ulan Bator e seis horas de carro do parque.

Dependendo da disposição, a precariedade pode ser a melhor parte da viagem ou arruinar a experiência. Por causa da distância e das estradas ruins -quando há estrada-, é preciso ficar no parque para conhecê-lo, e as opções se limitam aos gers, onde se dorme no chão, com um saco de dormir, com a família anfitriã.

O banheiro é a natureza, e não houve oportunidade para uma ducha nos cinco dias lá. A fonte de eletricidade é uma placa solar ligada a uma bateria de carro.

Esse isolamento é o que preservou o estilo nômade dos cazaques, minoria na Mongólia, mas predominantes no noroeste do país. Hospitaleiros, não deixam nunca que sua cumbuca de chá se esvazie e mostram sem rodeios a rotina simples.

O passeio mais famoso é a caminhada até o acampamento-base no pé da montanha Khuiten Uul, a mais alta do país, com 4.374 m. O caminho, de 28 km ida e volta, é feito por um vale com lagos e riachos e passa ao lado do glacier Potanii. Durante o verão, é possível alugar cavalos de famílias nômades.

Outra visita obrigatória é o lago Khoton Nuur, de águas azuis e transparentes, onde foi possível avistar cisnes selvagens. Já para visitar as pinturas rupestres e estátuas antigas, é preciso de um bom guia, já que os lugares não estão identificados. Infelizmente, só tínhamos o Michel.

Para conhecer minimamente o parque, é preciso gastar três dos cinco dias do "roteiro clássico" sacolejando no veículo soviético. Mas não há perda de tempo: ao longo da viagem, não faltam montanhas, manadas de camelos e iaques, gers e campos quase infinitos para admirar. (FABIANO MAISONNAVE)


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