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Supertoscano e o turismo rural mudaram panorama da área

Região faz vinhos inovadores e tem hotéis de charme no interior

ARTHUR AZEVEDO ESPECIAL PARA A FOLHA

Nascidos entre encostas das colinas de cidades da região, os vinhos toscanos são a expressão original de privilegiados microclimas e de uvas de rara pureza.

Nessa extensa área da Itália central estão algumas das mais importantes denominações de origem italianas. Nomes como Brunello di Montalcino e Chianti são imediatamente reconhecidos.

A fama obtida por esses ícones remonta à longa tradição da região da Toscana na produção de vinhos. Ali, desde o século 13 se encontram referências ao vinho de Chianti, elaborado com uvas cultivadas nas montanhas de Chianti, perto de Florença, por comerciantes de Castellina, Gaiole e Radda, importantes áreas de produção da denominação chianti clássico.

No entanto, quem deu contornos modernos ao vinho foi Bettino Ricasoli, que criou a fórmula do chianti moderno baseado na mais importante uva da região, a sangiovese, mesclada a uvas brancas como trebbiano e malvasia, além de outras uvas tintas. Hoje, as uvas brancas não são mais usadas na composição dos atuais chiantis: agora, além da sangiovese, ele pode ter uvas francesas, como cabernet sauvignon e merlot.

O chianti tradicional tinha a garrafa envolta em palha, o "fiasco", que continua sendo utilizado em vinhos de menor qualidade e cujo destino sempre foi decorar paredes das velhas cantinas.

Outra unanimidade na região é o Brunello di Montalcino, cuja história é ligada à família Biondi-Santi. Em meados do século 19, Clemente Santi isolou parcelas de sangiovese para a produção de um vinho que poderia envelhecer por longos períodos. Em 1888, seu neto Ferrucio Biondi-Santi criou a primeira versão "moderna" do clássico Brunello di Montalcino, um vinho que permaneceu, de maneira inédita para a época, por mais de dez anos em grandes tonéis de madeira antes de comercializado.

Hoje os Brunellos passam por renovação de estilo, contestada por alguns, mas irreversível, acompanhando a tendência mundial de se produzir vinhos com maior ênfase na fruta e mais acessíveis no curto prazo. Esses vinhos convivem, nem sempre pacificamente, com os Brunellos tradicionais, de caráter austero e talhados para guardar.

OS SUPERTOSCANOS

Quando tudo parecia irremediavelmente ligado à tradição, uma revolução enológica sacudiu a Toscana, com a produção de vinhos que não seguiam a estrita legislação das denominações de origem, usando uvas e/ou técnicas de vinificação não permitidas.

A uva "fora da lei" era principalmente a francesa cabernet sauvignon, que vinha sendo cultivada na região há tempos, em várias áreas. Esses vinhos, por não seguirem a lei, foram inicialmente enquadrados na classificação "vino da tavola", a mais baixa. Isso ocorreu com o Sassicaia e o Tignanello, ambos de autoria de enólogos como Giacomo Tachis, eleito o Homem do Ano no Vinho em 2011 pela revista inglesa "Decanter". O Sassicaia vinha da região de Bolgheri, produzido pelo "marchese" Mario Incisa della Rocchetta, com cabernet sauvignon em pureza, obtida a partir de vinhas plantadas em 1944, com mudas provenientes da propriedade de um amigo dele, que as cultivava perto de Pisa.

Por anos, o vinho foi produzido para uso do marquês, mas graças à insistência de seu filho Nicolò e de seu sobrinho Piero Antinori, a safra de 1968 foi comercializada em 1971, com grande sucesso.

Quase que ao mesmo tempo, os Antinori lançaram o ícone Tignanello, vinho baseado em sangiovese, mas com expressiva porcentagem de cabernet sauvignon na mescla. Mesmo não sendo o primeiro Supertoscano, o Tignanello causou grandes mudanças, abrindo caminho para uma série de vinhos espetaculares, tais como Ornellaia, Solaia e Massetto, que integram a elite mundial.

Em outras denominações de origem situadas na Toscana também se produzem vinhos interessantes, tais como San Gimignano, famosa pelos seus vinhos brancos aromáticos e frescos baseados na uva vernaccia e pelos tintos produzidos com uvas francesas e com essas mescladas à sangiovese, e Montepulciano, área de produção do Vino Nobile di Montepulciano, elaborado com a uva prugnolo gentile, um clone da sangiovese.

Além de enoturismo, a Toscana reúne atrações turísticas de peso, tais como Florença, San Gimignano, Montepulciano e Pisa. Arte e cultura estão intimamente ligadas às suas cidades, que ainda contam com gastronomia inigualável e bem representada pela clássica bisteca fiorentina. E, sim, pelas inigualáveis trufas brancas.

Uma das tendências mais fortes na Toscana hoje é o chamado turismo rural, ou seja, ficar hospedado em charmosos hotéis em meio a vinhedos e em distâncias confortáveis dos lugares normalmente apinhados de gente. E, entre esses hotéis, podemos indicar para as suas próximas férias "rurais" na Itália o Rocca di Castagnolli, em Gaiole in Chianti (www.roccadicastagnoli.com); o Poggio Alla Sala, em Montepulciano (www.resortpoggioallasala.com); e a Fattoria del Colle (Donatella Cinelli Colombini), em Trequanda (www.cinellicolombini.it).

Por fim, não deixe de fazer o passeio a pé por Montepulciano e de tomar um café no Antico Caffé Poliziano (www.valdichiana.it/expo/caffepoliziano). E confira os artigos de couro da Maledetti Toscani (www.maledettitoscani.com) antes de comer a voluptuosa bisteca fiorentina na Osteria Acquacheta (www.acquacheta.eu).


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