Folha de S.Paulo

Ilhas unem beleza natural e sítio arqueológico

EM MALTA

Se o caráter religioso impregna quase todos os aspectos de uma visita à Malta histórica, longe da cafonice dos cruzeiros e da noitada sem fim da área mais "resort" da ilha, é fato que não só disso vive o lugar.

A natureza tem seu auge, em termos pictóricos, na face norte da ilha de Gozo, em que penhascos descem dramaticamente ao mar -particularmente na famosa Janela Azul, um acidente geográfico presente em qualquer guia fotográfico de Malta.

Para chegar lá, o caminho mais óbvio é desembolsar entre € 25 e € 35 (R$ 64,85 e R$ 90,78) e pegar um barco turístico que saia de Valletta.

A vantagem é poder ver toda a costa da ilha principal ao sul, as armadilhas para pesca de atum em alto-mar, ter um ônibus para visitar os principais sítios de Gozo (destaque para Rabat e sua fortaleza) e ainda dar uma parada na ilhota de Comino.

Lá existe uma pequena baía conhecida como Lagoa Azul, na qual é demonstrado que o caráter farofeiro é internacional. Fuja das barraquinhas com som alto e faça uma caminhada até a torre de Santa Maria, uma incrível edificação fortificada que servia de posto de observação.

Para quem gosta de pedras, por assim dizer, há o sítio arqueológico de Hagar Qim -alguns dos mais antigos templos megalíticos conhecidos, datando até 4.000 anos antes de Cristo.

Mdina e Rabat, cidades-gêmeas no centro da ilha, são imperdíveis.

A primeira é uma cidadela árabe que foi a antiga capital da ilha, e a segunda guarda uma igreja sobre a gruta que teria abrigado o náufrago mais famoso do local: são Pedro, que esteve na ilha por volta do ano 60. Um osso atribuído a seu punho e um pedaço do pilar no qual teria sido decapitado são relíquias veneradas num outro templo, em Valletta.

Atravessando a baía conhecida como Grand Harbour, na extremidade sudeste do istmo de Valletta, há as charmosas Três Cidades, que formaram o centro da defesa ao cerco otomano.

Lá é possível visitar um dos únicos palácios da Inquisição conservados na Europa e se arrepiar ao ver as celas a sala de julgamento, além de ter uma vista incrível da capital do forte de São Miguel, em Sanglea, com sua torre exibindo olhos e ouvidos esculpidos, como que vigiando todo o Grand Harbour.