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RETROVISOR

Em busca do tempo perdido

Ele corre atrás de carros idênticos aos que teve na juventude e já reuniu um quarteto colorido na garagem

SE O amor por um carro velho geralmente funciona como a madeleine de Marcel Proust, remetendo o antigomobilista para os tenros anos de infância, Artur Vidal está um passo além.

Advogado comercial de 67 anos, nascido no Ceará e há 40 anos em São Paulo, Artur persegue os carros que teve na juventude tal qual um Sherlock Holmes atrás de um culpado.

Talvez a paixão tenha começado ao andar no banco traseiro do luxuoso Mercury 1948 preto do pai, cônsul português em Fortaleza. Talvez tenha sido por frustração, já que o diplomata não ouvia os repetidos apelos do pequeno para adquirir uma Rural Willys.

Em 2003, Artur comprou uma Rural vermelha e branca, mais de meio século de desejos depois. Mas ficou um tanto decepcionado com a falta de praticidade do jipe nas ruas entupidas da cidade grande. Vendeu.

Já com a "ferrugem na veia", como diz, teve o lampejo. Correu atrás de um Maverick Super Luxo 1975 de seis cilindros, idêntico ao que dirigia em... 1975.

Depois, um Karmann Ghia DC 1973 amarelo, como o que manobrava em 1973. Então, um Dauphine 1962 azul, seu primeiro carro, que era do pai português e foi passado para o filho ao entrar na faculdade de direito, aos 18 anos. Finalmente, veio o Gordini 1968, branquinho como o original.

"A sensação é incrível", conta. "Você se sente mais jovem, tem facilidade de fazer amizades, o carro antigo agrega."

Infelizmente, há ainda uma lacuna em sua coleção: o DKV Belcar S 1967 bege, que, na época, possibilitou ao rapaz passeios nas serras fortalezenses de Maranguape e de Aratanha, já que o Dauphine não tinha potência para tal.

Mas há um problema. Já com quatro vagas extras para seus carangos no edifício em Moema, Artur anda receoso.

"Meus vizinhos me alugam vagas. Todos facilitam pra gente guardar esses carros, é um motivo de atração para as crianças. Mas talvez mais um seja exagero..." Será?


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