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"Versalhes de Miami" vira símbolo dos EUA pós-crise
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RAUL JUSTE LORES
DE NOVA YORK
A maior casa particular dos EUA, inspirada no palácio de Versalhes e no coroamento do Paris Hotel, de Las Vegas, é o último delírio de um casal bem particular.
Com quase 9.000 m² -- duas vezes e meia a mansão de Edemar Cid Ferreira no Morumbi --, o palácio em Orlando era o maior sonho de Jackie Siegel, 46, ex-Miss Nova York, e seu marido, o bilionário do setor de resorts David Siegel, 77.
"A Rainha de Versalhes", documentário da fotógrafa Lauren Greenfield, em cartaz em dois cineclubes de Nova York, não consegue evitar a comédia.
Dezenas de cães e gatos, oito filhos, 19 empregados e um acervo de esculturas de anjinhos, antiguidades fake e animais empalhados em um depósito aguardam na antiga casa de 2.000 m² o Versalhes da Flórida ficar pronto.
Ela busca os McDonald's para a família inteira em sua limusine, enquanto o patriarca, permanentemente malvestido, gaba-se de ter ajudado a eleger George W. Bush, exibindo inúmeras fotos e vídeos com o ex-presidente.
O segredo do sucesso de seus resorts é tratar a classe média como milionária. "Se você não é rico, você quer se sentir como um. Se você não quer se sentir rico, é porque você está morto", avalia.
FILME PÓS-CRISE
"Trabalho Interno" e "Margin Call" ainda são os melhores filmes a tentar desvendar o que aconteceu com a economia americana após a crise financeira e hipotecária. Mas "A Rainha de Versalhes" acaba virando um surpreendente drama sobre a estiagem de crédito.
O ano de 2008 irrompe nas filmagens e na vida do casal. Com uma dívida de US$ 400 milhões para um cinco estrelas recém-inaugurado em Las Vegas, Siegel precisa despedir milhares de funcionários, mudar o estilo de vida e paralisar as obras do Versalhes. Os credores exigem seu leilão.
"A Rainha de Versalhes", então, vira um hipotético encontro de "O Anjo Exterminador" com "Mulheres Ricas" (veja trailer aqui ).
A criadagem é reduzida a quatro empregados, cocô dos cachorros começa a se amontoar nos tapetes persas e a família desmorona. A plateia nova-iorquina que lotava o tradicional Angelika, rindo à vontade no início, fica em silêncio.
O ex-bilionário vira um ermitão e começa a maltratar mulher e filhos -- culpa os banqueiros por suas desgraças. Apesar de várias tentativas de leilão, o inacabado Versalhes de Orlando encalhou.
Siegel hoje processa a diretora. "Não estou tão acabado como o filme diz", garante.
BALADA NO MUSEU
O hall de entrada do Metropolitan Museum, o mais visitado dos EUA, ficou com cara de pista de dança. DJ, remixes de Scissor Sisters e Cindy Lauper, e dois bares servindo coquetéis e caipirinhas animavam a noite gay da instituição, no mês passado.
A "iniciativa para o desenvolvimento de audiência multicultural" busca atrair novos membros e sócios para o museu, o que ajuda na arrecadação em tempos de crise.
Cinco organizações LGBT foram convidadas a somar esforços. O museu ficou aberto à noite só para os convidados da festa, com cinco exposições, entre elas o diálogo da moda de Prada e Schiaparelli, Dürer e a pintura da Europa Central e "Naked Before the Camera".
Para quem já fosse sócio (anuidade de US$ 100), o ingresso era de US$ 100; para os sem carteirinha, US$ 200. A possibilidade de um museu privée, com festa, além das múltiplas chances de paquera e network, atraiu quase 2.000 pagantes, todos automaticamente novos sócios do Met. Bom para os gays, lucrativo para o museu.
Os próximos eventos são "Fiesta!", para a comunidade hispânica, "Diwali", para os indianos, e o festival lunar para os chineses.
FUTURO NO PRETÉRITO
A exposição "Fantasmas na Máquina", até 30 de setembro no New Museum, mostra como o futuro já foi visto em décadas passadas.
Obras dos anos 30 aos 60 comparam o corpo humano a máquinas; vídeos e instalações abraçam o nascente computador; e há uma homenagem contemporânea ao visionário Alan Turing, pai da ciência da computação, considerado responsável por decifrar os códigos da Marinha nazista.
Boa parte das engenhocas e artefatos envelheceram mal, mas alguns mantêm o poder de perturbar, como o curta dirigido pelo escritor J. G. Ballard e pelo cineasta Harley Cokeliss em 1971, "Crash!", sobre a fetichização dos carros e as batidas como consumação desse prazer, 25 anos antes do filme de David Cronenberg baseado no mesmo texto.
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