Publicidade
Publicidade
Outros poemas latinos traduzidos pelo professor de letras clássicas na USP João Ângelo Oliva
Publicidade
Epigrama fúnebre e inscrição lapidar. Na inscrição tumular que é poema de autor anônimo, a própria esposa morta consola o marido. Proveniente de Roma, primeira metade do século 1º d.C.
CORPUS INSCRIPTIONUM LATINARUM ("COMPILAÇÃO DAS INSCRIÇÕES LATINAS"), 6, 122652a
Tu que passas confiante um momento detém
teu passo, peço, e lê poucas palavras.
Aquela sou, a eleita entre meninas belas
que ora jaz --Homonéia-- em breve túmulo,
a quem a Páfia deu beleza, e graça as Cárites
e Palas ilustrou nas artes todas.
Minha idade não vira ainda vinte anos,
e invejosa lançou-me o fado a mão.
Não lamento por mim, mais triste que morrer
é o luto de Atimeto, meu marido.
"Que a terra seja leve, esposa muito digna
da vida e de teus bens ter desfrutado."
No outro lado da mesma pedra tumular o marido responde à esposa:
Se o duro fado a alma barganhar deixasse
e redimir na morte a vida alheia,
meu restinho de vida de bom grado a ti,
Homonéia querida, eu te daria.
Mas posso agora só à luz fugir, aos deuses,
e no Estige seguir-te, morto enfim.
"Deixa de consumir no choro a juventude,
esposo, e de buscar na dor meu fim.
Não logram nada lágrimas, não dobram fados:
não vivo, é este, um só, o fim de tudo.
Deixa: que nunca mais padeças dor igual
e os votos teus que os deuses todos ouçam.
Quanto de juventude a morte me tolheu,
tão cedo, a ti, que vivas mais, conceda.
Inscrição e epigrama fúnebre em verso. O lamento é agora pela morte de um bichinho de estimação, uma cadelinha, chamada Mia. O epigrama também é inscrição tumular verdadeira, de autor anônimo, proveniente da antiga cidade romana de Eliumberrum, atual Auch, na França. Data incerta.
Como foi doce, como foi mansinha,
esta que em vida ao colo só dormia,
de sono e leito sempre companheira!
Ah que desgraça, Mia, que morreste!
Latias quando uma rival deitava
junto de tua dona, que assanhada.
Ah que desgraça, Mia, que morreste!
Ignara agora tem-te erguido túmulo,
não podes mais rosnar, nem saltitar,
nem ris pr'a mim com brandas mordidinhas.
- Coleção "Cinema Policial" reúne quatro filmes de grandes diretores
- Sociólogo discute transformações do século 21 em "A Era do Imprevisto"
- Livro de escritora russa compila contos de fada assustadores; leia trecho
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Imaginário sobre o Brasil no exterior permanece marcado por estereótipos
- Músicos da nova cena paulistana têm de atuar como empresários da canção
- Economista diz que Estados Unidos trocaram ambição por comodismo
- Como a KGB tentou criar uma nova imagem no fim da URSS
- O feminismo de Nawal El Saadawi, a mulher e as leis do islã
+ Comentadas