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19/08/2011 - 20h37

Woody Allen põe paparazzi reais sob os holofotes

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TOM KINGTON
DO "GUARDIAN", EM ROMA

Armados com flashes trambolhudos e cheios de atrevimento, singrando as ruas de paralelepípedos montados em lambretas, os fotógrafos romanos que clicavam celebridades resumiam a "dolce vita" da cidade nos anos 1950; tiveram papel de destaque em "A Doce Vida", de Federico Fellini, e deram de presente ao mundo o termo "paparazzo".

Agora os melhores paparazzi da cidade voltam a ser retratados no cinema: Woody Allen está rodando na cidade sua comédia decididamente felliniana "Bop Decameron" -com a diferença de que optou por escalar paparazzi da vida real para esses papéis.

"Ser pago por uma celebridade para fazer fotos de uma celebridade foi incomum", comentou Vitaliano Napolitano, 20, que anda de lambreta e é veterano do circuito romando de celebridades. "E foi surreal quando paparazzi que não estão participando do filme apareceram no set para clicar a nós, paparazzi, representando paparazzi no filme."

Napolitano foi um dos oito fotógrafos elencados para correr pelas vielas de Roma na perseguição ao ator italiano Roberto Benigni, que faz um cidadão comum alçado à fama de noite para o dia num dos quatro episódios interligados que compõem o filme, previsto para ser lançado em 2012 e inspirado livremente no "Decamerão", coletânea de histórias fesceninas escrita por Giovanni Boccaccio no século 14.

O próprio Woody aparece na tela pela primeira vez desde seu filme de 2006 "Scoop - O Grande Furo", no papel de um pai que vai a Roma para conhecer os futuros sogros da filha. Penelope Cruz, Alec Baldwin e os atores em ascensão Jesse Eisenberg e Ellen Page também participam.

Tendo filmado recentemente em Londres, Paris e Barcelona, Woody está determinado a dar a Roma o protagonismo em "Bop Decameron", disseram fontes do set, e tem atraindo multidões neste verão enquanto filma em locações como o Vaticano, a Escadaria Espanhola, o Coliseu, Trastevere e o Campo de Fiori.
Também aparece no filme a Via Veneto, a rua larga e repleta de cafés que acolhia os astros de Hollywood que fizeram filmes em Roma nos anos 1950 e 1960. Em "A Doce Vida", de 1960, a rua é percorrida por um fotógrafo chamado Paparazzo, que deu seu nome à profissão.

Para Giampaolo Letta, executivo-chefe da Medusa Film, co-financiadora italiana de "Bob Decameron", a escolha da Via Veneto para locação do filme não foi feita ao acaso. "Woody não disse, mas fica claro que o filme é inspirado no cinema italiano daquele período", ele explicou.

Woody já rendeu homenagem a diretores italianos como Fellini em outra ocasião: um episódio de "Tudo o Que Você Sempre Quis Saber Sobre Sexo Mas Tinha Medo de Perguntar", de 1972, em que ele representa um italiano incomodado com o fato de sua mulher só conseguir chegar ao orgasmo quando faz sexo em público.

FELLINI

Napolitano citou como sendo "muito Fellini" uma cena de "Bop Decameron" que tinha acabado de ser rodada: um desfile de moda promovido no altar romano Ara Pacis, às margens do Tibre, com modelos vestindo unicamente lingerie branca e enormes chapéus florais.

Por trás da câmara, com o chapéu de pescador que é sua marca registrada e chupando um pirulito para suportar o calor de Roma, Woody se mostrou um diretor popular entre os paparazzi. "Ele foi um cavalheiro de verdade conosco, e Benigni foi realmente difícil de perseguir durante as filmagens -foi como um míssil", disse Napolitano.

Apesar de a doce vida ter chegado ao fim e a despeito da morte de diretores como Fellini, Napolitano disse que os paparazzi romanos ainda são dignos da reputação que conquistaram meio século atrás. "As coisas não são mais como antes -hoje em dia muitas fotos de celebridades italianas são combinadas previamente, mas quando estrangeiros vêm à cidade começa a caçada em busca de uma foto boa. Ainda somos ardilosos, à moda antiga", disse ele.

Tradução de Clara Allain

 

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